Entenda a realidade da UTI e promova a suplementação adequada
A vitamina D é comumente reconhecida pela Nutrição Hospitalar e demais áreas da saúde por sua importância na regulação do metabolismo do cálcio e embora denominada vitamina, trata-se de um hormônio. Adequados níveis de vitamina D são dependentes da síntese cutânea pela exposição à luz solar, mesmo com a correta ingestão alimentar ou suplementação nutricional.
Funções importantes também são atribuídas à vitamina, entre elas: resposta imunológica, imunomodulação (através da regulação da inflamação), citocinas, proliferação celular, diferenciação celular e apoptose; além disso, atua na homeostase do cálcio, do magnésio, do fosfato e da clássica formação dos ossos, influenciando mais de 2.000 genes no corpo humano. Essas funções despertam o o interesse em estudá-la em pacientes críticos.
Estudos sobre a vitamina D em pacientes críticos
A prevalência de deficiência de vitamina D nesses pacientes, segundo os estudos de McKinney e sua equipe, variou entre 53,3% a 97,7%, aumentado a deficiência a medida que aumentava o tempo de internação.
Vários estudos têm avaliado o impacto da deficiência de vitamina D em pacientes críticos. No que diz respeito à mortalidade, encontraram que foi mais significativa em pacientes com deficiência da vitamina. Foram observados ainda resultados que apresentaram relação inversa entre os níveis séricos de vitamina D e o tempo de permanência em UTI, ou seja, entre os deficientes a permanência de internação foi maior.
Estudos afirmam que a deficiência de vitamina D é mais frequente nos pacientes sépticos, ou naqueles que apresentam choque séptico, disfunção renal.
A necessidade de ventilação mecânica e hemodiálise durante a permanência na UTI foi estatisticamente significante para aqueles com deficiência de vitamina. Além disso, estudos sugerem haver relação entre o aumento da taxa de infecção e deficiência de vitamina. Outros estudos correlacionam a deficiência da vitamina D em pacientes críticos com o desfecho desfavorável na assistência.
Em pacientes que suplementaram vitamina D antes da internação na UTI, sem intenção de verificar possíveis desfechos, a mortalidade hospitalar foi significativamente menor quando comparados àqueles que não receberam a suplementação prévia desse nutriente.
Prática de suplementação e a limitação das UTIs
No entanto, foi demonstrado nos artigos analisados que não é pratica comum nas UTIs a ocorrência de suplementação de vitamina D.
A American Society for Parenteral and Enteral Nutrition sugere que a suplementação de 200 UI de vitamina D para pacientes hospitalizados é suficiente para normalizar os níveis séricos. Apesar disso, a suplementação é raramente considerada em UTI.
A intoxicação pela vitamina D pode ser um potencial risco em suplementações. No entanto, esse evento só foi observado em pacientes que foram suplementados acima de 40.000 UI. Além disso, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a administração de doses excessivas desse nutriente gera remodelação óssea excessiva.
Podemos entender que existem impactos negativos para o paciente de UTIs com deficiência de vitamina D, entre elas o aumento da morbimortalidade decorrente de alterações no metabolismo da glicose e cálcio e/ou disfunção das células imunológicas e endoteliais.
Esses problemas trazem como consequência a incapacidade de montar uma resposta à injúria lesão ou infecção, embora ainda faltem mais estudos sobre esse tema considerando o impacto de outros fatores como a própria doença, que podem também afetar a mortalidade e comorbidade dos pacientes.
Na prática, algumas limitações devem ser enfrentadas, entre elas a impossibilidade desses pacientes serem expostos à luz solar, da composições das dietas oral, enteral ou parenteral quanto ao conteúdo limítrofe de vitamina D, como também a falta de rotina de suplementação dessa vitamina nesses pacientes e o próprio manejo da assistência nutricional nos pacientes da UTI.
Conclusão
Diante disso, é importante pontuar a necessidade de se manter na equipe de assistência multidisciplinar profissionais, entre eles nutricionistas habilitados e especializados, para dar seguimento às avaliações nutricionais e às tarefas de apontar as necessidades nutricionais do paciente crítico. Esses especialistas devem também incluiro na rotina da assistência nutricional o protocolo de avaliação e tratamento da deficiência de vitamina D.
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