Terapia Nutricional no paciente com COVID-19

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Saiba a melhor conduta a ser adotada nesses casos

O acompanhamento do nutricionista é de extrema importância para a recuperação de pacientes hospitalizados com diversos quadros. Não é diferente com o novo coronavírus. Mas afinal, qual a melhor conduta a ser adotada? Como deve ser a terapia nutricional no paciente com COVID-19? 

Em nossa pós-graduação em Nutrição Hospitalar, você pode se aprofundar sobre o assunto. Mas vamos te mostrar hoje um panorama geral.

O que é a COVID-19?

A COVID-19 é uma infecção respiratória causada pelo vírus SARS-CoV-2. Esse, por sua vez, é transmitido principalmente através de gotículas de saliva expelidas durante a tosse, fala, ou espirro de indivíduos previamente contaminados. Logo, você pode adquirir o vírus caso esteja próximo a uma pessoa infectada e inale essas gotículas, ou até mesmo após tocar uma superfície recentemente contaminada com elas, e levar sua mão aos olhos, boca ou nariz.

A maior parte dos pacientes contaminados não apresentará os sintomas mais críticos da doença. 

Confira abaixo alguns dos sintomas mais comuns relacionados à gravidade da doença.

Sintomas mais comuns em pacientes infectados pela COVID-19

  • Mais comuns: febre, cansaço e tosse seca.
  • Menos comuns: dores no corpo, dor de garganta, diarreia, perda de paladar e/ou olfato, dor de cabeça.
  • Graves: falta de ar, dor ou pressão no peito.

Antes de entrarmos nas orientações nutricionais a esses pacientes, é importante frisar que ainda não há uma única conduta nutricional bem estabelecida, visto que estudos ainda estão sendo realizados e que pacientes desnutridos ou obesos apresentam maior risco de complicações.

Início da terapia nutricional no paciente com COVID-19

Recomenda-se que a adequação do suporte nutricional de pacientes internados ocorra nas primeiras 24 a 48 horas de internação.

Sempre que o paciente estiver consciente, e não apresentar sinais de disfagia ou risco de aspiração de pedaços alimentares, recomenda-se a alimentação oral, sem suplementação. Ela pode se fazer necessária caso o paciente não consiga atingir pelo menos 60% de suas necessidades diárias.

Em pacientes com ventilação mecânica, recomenda-se iniciar a terapia nutricional através de nutrição enteral, preferencialmente nas 12 primeiras horas após a intubação, visto que se feita precocemente, a nutrição parece estar relacionada à melhor resistência a infecções, redução do risco de desnutrição e do catabolismo muscular. Além disso, pode diminuir o tempo de internação e a morbimortalidade. Recomenda-se iniciar uma dieta hipocalórica (não excedendo 70% das necessidades energéticas estimadas), devendo evoluir para alcançar de 80 a 100% das metas nutricionais após o terceiro dia.

Somente em casos em que não há a possibilidade do uso do trato gastrointestinal, a nutrição parenteral deve ser iniciada.

Caso na anamnese o paciente relate inapetência devido aos sintomas causados pela doença, recomenda-se variar a forma de preparação e apresentação dos alimentos. Pode-se tentar ofertar os nutrientes necessários, também por meio de diferentes fontes alimentares.

Outra opção é complementar o suporte de micro e macronutrientes através de suplementação e oferta de alimentos com maior densidade calórica.

Terapia nutricional no paciente com COVID-19

No caso de pacientes graves 

Para calcular a oferta de calorias em paciente em estágio grave pode-se utilizar a fórmula de bolso, porém, a indicação para o paciente com COVID-19 é de que seja feito um aporte na fase aguda menor que o usual. É recomendado de 15 a 20 kcal/kg de peso/dia, com progressão para 25 kcal/kg de peso/dia após o quarto dia. Para pacientes obesos, a oferta pode ser ainda menor: 11 a 14 kcal/kg de peso/dia. Tal recomendação é feita devido ao maior risco dos pacientes críticos de sofrerem da síndrome da realimentação.

Sugere-se também que sejam utilizadas fórmulas de alta densidade calórica (1,5 a 2 kcal/ml) para pacientes com disfunção respiratória aguda, objetivando a restrição da administração de líquidos. A oferta hiperproteica no paciente grave também pode ser estimada por fórmula de bolso, sendo recomendado de 1,2 a 2 g/kg/dia de proteínas, mesmo em pacientes que apresentem disfunções renais.

Deve-se buscar a oferta de proteínas de maior valor biológico. Se atente também à oferta de Ômega-3 e fibras. O consumo de carboidratos com índice glicêmico mais alto deve ser reduzido ou evitado, pois pode contribuir para o aumento da inflamação. 

E quanto aos micronutrientes?

Assim como no caso dos macronutrientes, ainda não há uma conduta bem estabelecida, de acordo com os estudos. No entanto, com base nestes, é possível se nortear para a definição da conduta.

Sugere-se a suplementação com micronutrientes em caso de deficiência na ingestão.
Alguns estudos sugerem, por exemplo, o aumento da recomendação da ingestão de vitamina C. A necessidade média recomendada é de 90 mg/dia para homens e 80 mg/dia para mulheres visando manter o nível plasmático normal (50 µmol/L). Isso é suficiente em condições de saúde, mas pode ser inadequado quando uma pessoa está sob estresse fisiológico. A Sociedade Suíça de Nutrição recomenda que todos aumentem a ingestão para 200 mg/dia para preencher a lacuna de nutrientes para a população em geral, em especial para idosos acima de 65 anos. Essa recomendação é sustentada por alguns estudos farmacocinéticos, que recomendam essa ingestão diária mesmo para pacientes saudáveis.

Estuda-se também, que em casos de infecções virais, deve-se ingerir entre 2-3g/dia para manter os níveis plasmáticos normais entre 60 e 80 µmol/L, mas ainda não há comprovação de que níveis plasmáticos mais elevados de vitamina C sejam realmente efetivos contra infecções virais.

É necessário também estar atento ao fato de que os níveis de vitamina C no plasma humano diminuem rapidamente em condições de estresse fisiológico, resultando frequentemente em deficiência de vitamina C em pacientes hospitalizados.

Outros micronutrientes que podem ser interessantes no tratamento da COVID-19 são:

  • Selênio: efeito antiinflamatório
  • Vitaminas A, C e D: auxiliam no tratamento de infecções respiratórias
    Vitamina E, ferro e zinco: melhoram a função imunológica
    Vitaminas C, A e E e ômega 3:  apresentam efeitos antioxidantes

Conclusão

A suplementação é necessária quando a ingestão dietética não supre as necessidades recomendadas, mas permanece indefinida para pacientes sem deficiência.

Por fim, considerando a importante conexão entre a microbiota intestinal e o correto funcionamento imunológico, os probióticos e prebióticos parecem possuir efeito protetor para a terapia nutricional no paciente com COVID-19.

Esperamos que as informações apresentadas possam te nortear na hora de estabelecer a conduta de seus pacientes.

Se você já leu algum estudo que apresenta informações não citadas acima, compartilhe conosco nos comentários. Será um prazer dividir informações e auxiliar os demais colegas nessa fase crítica.

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Maria Eduarda Souza

Estudante de Nutrição e Redatora (Instagram @mariaeduardasouza03). Estudante do 9º período de Nutrição pela UFJF. Atualmente trabalha como redatora e produtora de conteúdo para redes sociais de empresas e influenciadores digitais.

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