TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade): possibilidades ao alcance de todos – parte 2

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Saiba como profissionais de Educação e família podem contribuir para o autoconhecimento, desenvolvimento e inclusão do portador de TDAH

Além de compreender a fundo o que é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, é preciso garantir um tratamento adequado, que valorize todo o potencial desses pacientes e alunos. Neste texto vamos nos aprofundar nesse tema tão importante. E lembre-se de conferir o post anterior, em que detalhamos os sintomas e necessidades de quem tem TDAH.

 

 

Acompanhamento do portador de TDAH

 

O conhecimento é o maior capital que se possui e sua acumulação deve servir aos altos fins da convivência. Ele existe para ser integrado, situado, transformado, aplicado, incorporado e encontrado em sua verdadeira missão: provocar encontros e mudanças.

 

Porém, o conhecimento sem o auxílio do afeto se torna frio e insensível, já que o saber estimula a inteligência, mas é o afeto que mantém vivo o entusiasmo, sustenta os propósitos que a mente faz e serve como poderoso auxiliar da razão, como ensina o educador Gonzalez Pecotche. A sensibilidade nos faz solidários à dor e à necessidade alheias, fazendo surgir a nossa verdadeira condição de seres humanos.

 

Cada sujeito portador do TDAH  precisa conhecer e entender de si mesmo; merece um esclarecimento e desmistificação de tantas crenças colocadas sobre seus ombros. Precisam identificar, principalmente, seus pontos fortes, sua inteligência, seus talentos, a bela capacidade de percepção holística que, muitas vezes, os fazem muito capazes pela facilidade de captar, mesmo que superficialmente, conteúdos, sensações ou ideias; isso colabora na construção de uma autoimagem positiva. Precisam, também, de um diagnóstico correto e um tratamento adequado, bem como o envolvimento e a decisão, por parte dos pais, em iniciarem um trabalho em si mesmos concomitante ao acompanhamento multidisciplinar do filho.

 

 

Como podemos contribuir para a sua inclusão?

 

Quantos chegam ao meu consultório psicopedagógico com a sensação de estarem perdidos, carregados de impressões  negativas e rótulos formados ao longo da história de suas vidas…

 

Quantos pais e professores, na ausência de conhecimentos acerca das manifestações “impróprias e descolocadas“ dos filhos\alunos, utilizam de duros castigos e severas palavras que penetram na alma, potencializando uma baixa autoestima…

 

Todos somos educadores, ensinantes, aprendentes e fazedores, do bem ou do mal, da esperança ou da descrença, da possibilidade ou da negação… esse conhecimento convida   a assumir a nobre tarefa que nos foi confiada: a de auxiliar homens, como ensinou Sócrates, fazendo com que surja no interno de cada sujeito o melhor do que tem. Essa é a missão, encarregada a cada um de forma diferenciada, de utilizar de instrumentos, recursos e metodologias próprias da Psicopedagogia a fim de levar o indivíduo a fazer brotar a luz que tem dentro, fruto das próprias mãos e do autorreconhecimento: a autodescoberta.

 

Apesar de o TDAH ser um transtorno mental crônico, multifatorial, de saúde pública e capaz de causar um grande impacto sobre o portador, sua família e suas  relações escolares, temos o caminho da  inclusão: movimento social capaz de modificar estruturas e serviços oferecidos, abrindo espaços de visibilidade  do  potencial e expressão da individualidade, das  habilidades, de outras inteligências e aptidões, das diferenças. Inclusão significa, também,  reeducação, para o entendimento e compreensão, para a aprendizagem e para a  instrumentalização, para o olhar sobre tudo, começando por si mesmo, convidando ao   respeito e  à  valorização e dever de cada um.

 

A inclusão tem sido matéria de domínio das políticas públicas e das instituições de ensino que buscam o atendimento de padrões de acessibilidade e cidadania, mas é preciso incluir nessa lista de responsabilidade a família, que partícipa desse movimento complexus  e  pode colaborar para tecer uma maior significação da vida do portador de TDAH.

 

Este mundo, onde a síndrome da urgência devora nosso tempo e nossas mais nobres aspirações, corroendo o caráter com a construção de uma narrativa pouco coerente e nada profunda, acaba por potencializar, de múltiplas formas, a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade. Está em nossas mãos a mudança do curso dessa história.

 

 

 

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Cristina Coronha

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