Descubra se a Educação pode ser um agente de mudança no país e qual é o papel da família brasileira nesse contexto de desenvolvimento
Sempre que há uma notícia sobre qualquer um dos índices que contribuem para o aumento da decepção com o estado das coisas em nosso país, inevitavelmente escutaremos que a educação é o grande baluarte para a modificação significativa desse quadro.
Constantemente apontada como solução para a corrupção, violência e até mesmo saúde coletiva, do que tratamos afinal, quando empregamos o termo “educação” como agente de mudança?
Em uma pesquisa recente, solicitei a alguns pais e responsáveis de uma amostra de crianças que acompanho, com idade entre 2 a 7 anos, que preenchessem um pequeno questionário acerca das responsabilidades inerentes à escola e outras tantas sobre o papel da família. Perguntas como: se é dever da escola ensinar as crianças a comer de boca fechada ou se é papel da família ser coadjuvante na alfabetização de seus filhos.
O resultado, embora previsível pela leitura da realidade que vivemos, foi de assustar. A família contemporânea tem transferido a responsabilidade de educar para a escola, contrapondo o dever desse espaço de ser um território para a escolarização, melhora e aprofundamento do pensamento e referencial para construção de padrões éticos.
Como família e escola podem cooperar para o futuro do país?
Quando traçamos adequadamente as premissas sociais e de formação do indivíduo, família e escola assumem papéis complementares. A moral será edificada na convivência familiar, com a apropriação dos valores e conceitos percebidos pela criança a partir de sua observação dos exemplos seguidos em casa.
É imperativo que haja alinhamento entre o discurso e a ação. As crianças aprendem com os exemplos observados e é comum haver dissociação entre o que lhes é dito e o que veem de fato acontecer.
Na Psicopedagogia clínica e institucional, estudamos mais a fundo essa formação do caráter e da personalidade no intercurso do desenvolvimento infantil.
Dessa forma, definidos os fatores que interferem na formação do caráter da criança, com a família se ocupando de ser a célula responsável pelas transmissão dos valores e primeiras crenças (moral) e a escola como centro de debate, aquisição de pensamento crítico e noção cidadã do certo e errado (ética), poderemos enfim formar uma geração capaz de significar melhor seu mundo, compreender com clareza a realidade vivida e qualificar seu discurso para se tornar um multiplicador de boas práticas.
Afinal professor, a educação é ou não é a solução para os problemas enfrentados no Brasil?
Solução não. Caminho possível? Claro. Basta que família e escola deem as mãos e caminhem lado a lado nessa reengenharia do saber SER.