Descubra a quantidade certa de exercício e alimentação para a melhora na saúde e o bom envelhecimento
Existem pessoas que acreditam que o conceito de saúde é definido como a “ausência de doenças”. Essa ideia, além de incorreta, induz à uma concepção que muito simplifica a complexidade e abrangência do termo. Dado que nosso corpo é uma construção que engloba as facetas biológica, psicológica e social, podemos dizer que ter saúde é atingir um estado de bem-estar que abrange todas esses fatores, ou seja, que possibilita um bom engajamento e funcionamento entre elas. É por isso que costumeiramente escutamos expressões como “saúde financeira”, “saúde mental” ou “saúde espiritual”. Nelas tenta-se delinear ou convergir apenas um componente do conceito multifatorial que é saúde. Mas por que ter saúde é tão importante?
Diversas são as respostas. Mas em síntese, apresentar uma boa saúde permite que possamos viver melhor, executar nossas tarefas de trabalho com mais eficiência e prazer, reduzir o cansaço diário, aumentar a atividade cognitiva e produzir mais enquanto profissionais. Além disso, é possível usufruir melhor dos benefícios da vida como um todo. Ou seja, para se viver melhor ou aproveitar o momento, o famoso “carpe diem”, é necessário que o ser que realiza as atividades seja pleno de suas funções biológicas, psicológicas e sociais.
Considerando que o nosso corpo interage constantemente com esses três componentes, é necessário pensar esse prisma utilizando a ótica da modulação de tais fatores. Ou seja, para se atingir a plenitude da saúde precisamos nos atentar enquanto seres humanos sobre esses aspectos.
A prática de exercícios físicos e a alimentação saudável promovem uma interação suficientemente capaz de melhorar aquele que a pratica diariamente. Contudo, só alcançará a saúde em sua visão multifatorial biopsicossocial, aquele que a fizer de modo crônico. Estamos nos referindo à necessidade de incorporação de um estilo de vida que forneça uma capacidade do nosso corpo de se programar e evoluir positivamente para a melhora desses componentes e, progressivamente, aumentar a saúde dos sistemas.
A saúde e o processo de envelhecimento
Naturalmente, o homem tende a se desgastar, isso é uma condição biológica inevitável. Passamos por um processo de envelhecimento, como bem apontou o texto do especialista em Gerontologia José Anísio Pitico aqui no Blog. Essa situação se faz fisiologicamente em virtude do nosso metabolismo preponderante, que é aquele existente a partir da utilização de oxigênio como agente oxidante.
O oxigênio que permite a vida aos seres humanos é o mesmo elemento que ao longo da vida gera um desgaste celular. É a ferrugem da lataria. Em termos biológicos, o estresse oxidativo é necessário para que nosso corpo crie adaptações que sustentem respostas capazes de evoluir ou gerenciar nossos sistemas que digerem, processam e utilizam nossas fontes energéticas , permitindo a vida.
Embora uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos nos permitam reduzir os efeitos negativos dos agentes oxidantes por desenvolver condições antioxidantes e anti-inflamatórias, nosso corpo apresenta uma responsividade ao efeito oxidativo natural. É por isso que envelhecemos e nossos ossos tendem a ficar mais fracos, o número de folículos capilares reduz, as proteínas de sustentação da pele perdem a capacidade elástica e estrutural, os hormônios reduzem a quantidade e capacidade de ação e a massa muscular reduz. Além disso, a capacidade de utilizar o próprio oxigênio para gerar energia também é reduzida e, como consequência, o sistema cardiovascular inicia também um rebaixamento de sua eficácia enquanto sistema de tradução do trabalho de bombeamento e circulação do sangue. Atividade essa que acontece através da decodificação dos sinais elétricos advindos do sistema nervoso em suas vias central e periférica. A partir de todas as funções, fica evidente a necessidade de obter saúde ou preparar nosso corpo para suportar essas reações biológicas. Mesmo elas sendo esperadas ao longo da degradação energética adquirida ao longo da vida, que é desencadeada pelo estresse oxidativo do metabolismo aeróbio.
Como deve ser o exercício e a alimentação para melhorar a saúde?
Portanto, se eu fosse dar uma dica para melhorarmos nossa saúde ela seria: investir em uma alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos. Já sabemos que tanto para a saúde quanto para o emagrecimento, é muito importante a relação entre atividade física e nutrição diária e também falei aqui no Blog sobre o melhor tipo de exercício nesses casos. Mas qual seria a quantidade ideal de alimento e movimento? Mais uma vez nos deparamos com a incógnita do “quanto”. Em termos fisiológicos, o melhor exercício físico ou alimentação será aquele capaz de fornecer adaptações ótimas que supram a necessidade metabólica dos sistemas.
Nosso corpo funciona através do constante rompimento da homeostase celular, que é o estado de equilíbrio dinâmico da célula em que as forças e concentração de elementos extra e intracelulares interagem dinâmicamente para permitir uma constante oscilação e comunicação entre conteúdo celular. Nesse sentido, é importante entender que o excesso de exercício físico ou alimentação vai fornecer ao sistema uma sobrecarga de estímulos que rompem um limiar de excitação ótimo entre as células e os sistemas que as contêm. A partir dessa condição exacerbada, a comunicação celular tende a ficar desequilibrada e consequentemente aumenta o estresse oxidativo em patamares que sustentarão mais efeitos fisiologicamente negativos do que benéficos.
A partir desse racional, é necessário que entendamos que o melhor exercício físico ou dieta é aquele “ótimo em termos de quantidade”, ou seja, estamos nos referindo a uma quantia que não é nem pouca nem excessiva. A dose ideal para esses “gerenciadores da saúde” será a que primeiramente supra suas necessidades diárias e posteriormente aquela capaz de fornecer estímulos diários ao corpo. É por isso que existe a necessidade de monitoramento e prescrição ideal tanto da prática de exercícios físicos quanto da alimentação. Somente a partir de uma intervenção profissional contextualizada e que leve em consideração as individualidades biológicas de cada pessoa é que se conseguirá atingir doses ótimas de exercício e de nutrientes. Assim, eles poderão desencadear a obtenção de saúde, reduzindo o nível de estresse oxidativo que irá enferrujar o corpo.
Está entendendo a importância de ter um profissional de Educação Física e Nutrição em sua vida? Somos seres que precisam de movimento e consumo de nutrientes para subsidiar a energia vital que move nossas vidas. Isso é inerente à raça humana. Não à toa, muitas vezes as duas áreas se unem, como foi explicado no texto da nutricionista Fernanda Gargiulo sobre a Nutrição Esportiva. Contudo, dada a complexidade e versatilidade de nosso corpo, é necessário que os profissionais que irão identificar, avaliar e prescrever doses ótimas de alimentação e exercício físico sejam capazes de intervir adequadamente e excelentemente dentro desse contexto para que possam evoluir enquanto profissionais de saúde, tornando a vida do cliente/paciente mais saudável. E qual seria a melhor forma de gerar essas condições? O conhecimento sobre elas! E como adquiri-lo? Pergunte ao IESPE sobre os cursos de Pós-graduação nas áreas de Educação Física e Nutrição…
Grande abraço,
Paes ST, Marins JCB, Andreazzi AE. Metabolic effects of exercise on childhood obesity: a current view. Revista Paulista de Pediatria. 2015;33(1):122-129.
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