Reportagem da Revista Veja põe fim ao embate que já dura décadas
Uma reportagem especial feita pela repórter Adriana Dias Lopes para a revista Veja traça a histórica briga que divide nutricionistas ao redor do mundo pela ingestão de um dos alimentos que mais gera polêmica nas dietas, o ovo. Mas não só por ele, a matéria ainda aponta informações sobre seus semelhantes como a coxa de frango, a lula, bacalhau e camarão, por exemplo. A conclusão é irrevogável: o ovo é bom. E o colesterol também.
De acordo com a publicação, os pesquisadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, órgão do governo norte-americano, responsável pelas diretrizes alimentares do país dão o veredito para a batalha árdua que acontece desde a década de 60, quando o patologista russo, Nicolai Anichkov, fez experimentos com coelhos, ligando o colesterol alimentar à obstrução de artérias. A palavra final é que o ovo está absolvido pois não existe evidência que comprove uma relação significativa entre uma dieta com colesterol e os níveis de colesterol sanguíneo, portanto, consumir muito colesterol não é preocupante.
Os cientistas explicam que, do total de colesterol que circula em nosso corpo, 80% é produzido pelo fígado enquanto apenas 20% é proveniente da alimentação. Em uma situação normal, tanto o colesterol hepático quanto o alimentar são fundamentais para o funcionamento o corpo, sintetizando hormônios e mantendo integridade das membranas da células, mas o exagero da substância danifica as paredes das artérias e intensifica o risco de complicações cardiovasculares. A grande dúvida, agora sanada, seria sobre a responsabilidade do colesterol ingerido e a participação do colesterol naturalmente fabricado pelo corpo nesse processo.
A boa notícia que os pesquisadores descobriram que, ao chegar no intestino, apenas uma parte do colesterol alimentar é absorvida para o nosso organismo – cerca de 30% -, devido a um engenhoso mecanismo de defesa de nosso corpo. Para ficar melhor, este tipo de colesterol tem pouquíssima relação com os níveis de LDL (colesterol ruim), ao passo que também aumenta as taxas de HDL (colesterol bom). De acordo com a publicação, o consumo de 100mg de colesterol aumenta 1,9mg de LDL e 0,4mg de HDL. A atividade física intensa, como correr três vezes por semana durante um mês, causa o mesmo efeito no colesterol bom.
Entretanto, os médicos fazem um alerta: o consumo de colesterol, geralmente vem
associado ao consumo de gordura saturada e o perigo mora aí, pois este tipo de lipídio é que é nocivo ao coração. Quando a quantidade de gordura é acima de 4 gramas, liga-se o alerta vermelho.Três fatias grossas de queijo amarelo, por exemplo, têm 106mg de colesterol e 19,7g de gordura saturada, um nível altíssimo. Portanto é necessário atenção ao consumir os alimentos como manteiga, picanha e toucinho pois eles podem ter papel direto com o entupimento das artérias.
A reportagem faz também faz uma conscientização sobre o consumo de outros alimentos polêmicos como o leite, que tem papel importante para fortalecimento dos ossos na adolescência,, o café que, assim como o ovo, vem travando uma batalha dividindo a comunidade científica e também os pratos; e o vinho, que ajuda o sistema circulatório.
Para finalizar, um consenso põe fim à briga alimentar: todos realizados com o açúcar são condenatórios. A regra é consumir no máximo 12 colheres e sempre com muita cautela pois estudos mostram que níveis altos desse composto no sangue resultam em doenças como diabestes, obesidade e complicações cardiovasculares, ou no sistema nervoso. Assim como alguns outros alimentos e medicamentos ao longo de nossa história, levou tempo para a briga de “bem-me-quer, mal-me-quer” com o ovo e o colesterol acabarem, mas agora é sem volta. Melhor para todos.