Como deve ser a nutrição no TMO (Transplante de Medula Óssea)?

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Aprenda a assistência nutricional correta em cada fase do transplante

A terapia nutricional (TN) e a conduta nutricional adotada podem fazer a diferença em pacientes transplantados. E melhor ainda: os efeitos benéficos das ações nutricionais podem começar muito antes do transplante, já que pacientes candidatos ao procedimento normalmente vêm de tratamentos quimioterápicos ou radioterápicos que debilitam o estado nutricional.

Na vigência de risco nutricional ou desnutrição, uma TN apropriada deve ser iniciada o mais breve possível, desde o período pré-transplante até o final do acompanhamento. A TN feita pela equipe de Nutrição Hospitalar tem como objetivo evitar grandes comprometimentos do EN do paciente, assim como proteger o TGI em funcionamento e auxiliar na recuperação hematopoiética e imunológica (BRASIL, 2009).

5 etapas da nutrição no TMO

Confira os estágios da assistência de nutrição no TMO:

1- Pré-transplante:

Nutrição no TMO (Transplante de Medula Óssea)Tem por objetivo preparar a condição nutricional do  paciente para o transplante. Em nossa experiência, a utilização de suplementos nutricionais de proteínas de alto valor biológico, como: proteína de soro de leite, complexo medicamentosos de vitaminas e minerais, ômega 3, aminoácido glutamina, maltodextrina, simbióticos (prebióticos + probióticos) aliados a uma alimentação rica em anti oxidante composto de verduras, hortaliças, frutas, peixes, alimentos integrais, oleaginosas e fonte de carboidratos complexos.

Esses elementos distribuídos em refeições fracionadas durante o dia  com monitoramentos de ingesta diária dos alimentos têm sido  uma boa alternativa para o alcance dos objetivos nessa fase.

2 – Fase de citorredução (durante internação):

O uso de quimioterápicos influencia na perda de paladar e causa danos em vários tecidos, principalmente nas mucosas. É também comum a instalação da mucosite (inflamação das mucosas expressa em pequenas ulcerações na boca) com grandes efeitos na diminuição do consumo alimentar oral Nesse momento, a capacitação e o grau de especialização do nutricionista responsável contribuem muito na assistência nutricional. As dietas seguem com oferta de alimentos totalmente cozidos e frutas também cozidas.

O aparecimento de mucosite pode ser combatido com bochechos de chá de camomila com glutamina e bicarbonato em temperatura ambiente e posterior deglutição. Vômitos ou náuseas também são comuns nessa fase. A TN com alimentos frios tem maior aceitação do que pratos quentes, como sopas ou de sabor ácido. Cremes nutritivos preparados com proteínas, maltodextrina e gelatina  servidos em pequenos volumes de 100 ml também têm maior aceitação. Já a xerostomia é combatida com alimentos líquidos ou suplementos nutricionais líquidos.

Nutrição Hospitalar

3 – Fase de neutropenia (durante internação): 

Nesta fase de nutrição no TMO os cuidados microbiológicos com os alimentos serão mais rigorosos ainda, com alimentos somente cozidos e suplementos líquidos calórico-proteicos em pequenas porções ou na forma de creme. Nesta fase o cheiro de temperos incomoda muito os pacientes e em muitos casos o alcance do VET é altamente comprometido (MARTIN-SALCES et al., 2008; AKBULUT, 2013).

O Consenso Brasileiro de Nutrição Oncológica aponta que a otimização da dieta e uso de suplementos por VO devem ser a primeira opção quando a ingestão alimentar for menor que 60% entre três e cinco dias consecutivos, não havendo  expectativa de melhora por via oral a opção e dieta enteral .

4- Fase de implante:

Nutrição no TMO (Transplante de Medula Óssea)Nesta fase ocorre a obtenção das  células  transplantadas, momento de muito risco de infecções. As ofertas proteicas são os alvos dessa fase e a TN deve buscar ofertar e garantir o acesso dos pacientes a proteínas que são a base de suplementos, dieta enteral ou oral.

A nutrição parenteral traz com ela muitos riscos,  no entanto, na impossibilidade de uso do TGI, a sua implementação deve ser avaliada porque a falta de acesso à dieta apresenta mais riscos do que a própria dieta parenteral.

5- Fase alta (pós-transplante):

Após o transplante ainda existe um período de recuperação nutricional e os cuidados nutricionais ainda se estendem nos períodos pós-alta  por pelo menos 3 meses. A conduta é cuidar da oferta proteica com alimentos proteicos, vitaminas, minerais, alimentos integrais,  oleaginosas e frutas. As hortaliças são prioritárias nesse período e o fortalecimento da flora intestinal com uso de simbióticos (fibra solúvel + probióticos) é indicado. Assim, a recuperação nutricional pós-transplante ocorre com maior facilidade. Os registros de peso e o monitoramento da ingesta alimentar também são importantes, pois são bons indicadores do sucesso dos procedimentos.

A nutrição no TMO (Transplante de Medula Óssea) é muito importante e esse paciente necessita de um profissional altamente especializado para orientar a TN e assim possibilitar uma assistência nutricional diária com toda a equipe envolvida.

Autor:

Augusto Gonzalez
Nutricionista
Graduado em Nutrição pela universidade federal de viçosa UFV | Especialista em Nutrição Clinica pela Universidade São Camilo | Experiência de gerenciamentos de serviços de alimentação e nutrição hospitalar | Capacidade para estruturar SND de hospitais para atender as exigências de órgão acreditadores de excelência e qualidades | Habilidades para orientar protocolos de assistência nutricional de acesso a dietas oral, enteral e parenteral | Conhecimentos para orientar sistema de monitoramentos para eficácia de assistência nutricional hospitalar e de home card | Experiência em docência para estruturar e ministrar cursos e matérias de cursos de graduação e pós – graduação em serviços de alimentação e Nutrição clinica.
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Augusto Gonzalez Martinez

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