A Infertilidade e Nutrição eram temas pouco relacionados, no entanto, estudos recentes vêm mostrando que há uma forte ligação entre ambos.
A infertilidade consiste na incapacidade de engravidar após 1 ano de relações sexuais constantes, sem o uso de métodos contraceptivos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 8 a 15% dos casais têm algum problema de infertilidade durante a sua vida fértil.
O diagnóstico clínico deve ser feito por um médico especialista, através da realização e interpretação de exames bioquímicos e anamnese, avaliando os critérios pré-estabelecidos citados acima.
Algumas das principais causas da infertilidade estão relacionadas à doenças como endometriose, síndrome de ovários policísticos, disfunções ovulatórias e obesidade. Esses fatores, somados à inadequação do IMC e ao estado nutricional dos indivíduos, interferem na capacidade reprodutiva de homens e mulheres.
Portanto, a Nutrição tende a ser um método não invasivo, e muito interessante para o tratamento da infertilidade.
Abaixo, falaremos um pouco mais sobre a relação entre a Infertilidade e Nutrição, e sua relação com as causas e tratamento da infertilidade.
Infertilidade e alterações no IMC
A obesidade é uma doença fortemente relacionada à ocorrência de infertilidade. No entanto, o IMC pode afetar a capacidade reprodutiva tanto em alterações acima do considerado saudável, quanto abaixo. IMC’s indicativos de baixo peso e desnutrição também parecem interferir na fertilidade.
No entanto, vale ressaltar que o IMC pode ser um parâmetro raso para a avaliação de composição corporal, e por isso, mais estudos são necessários para que critérios sejam estabelecidos de maneira correta.
Para adequação do IMC, recomenda-se ajuste da dieta e prática constante de atividades físicas, que vão atuar não somente na alteração de peso, mas também na melhora da composição corporal.
Infertilidade e deficiência nutricional
A deficiência de micronutrientes, compostos bioativos e antioxidantes parecem estar relacionada às causas da infertilidade. Alguns deles são: Iodo, Selênio, Magnésio, Coenzima Q10, Vitamina C, Omega-3, Selênio e o Zinco.
Selênio
Atua na sintetização de óvulos e trabalha positivamente no processo de reprodução.
Sua deficiência pode acarretar, entre outros sintomas, na incapacidade de manter uma gestação até o fim, danificação dos sistemas nervoso e imunológico do feto, além de outras complicações. Além disso, a deficiência de selênio também vem sendo associada ao baixo peso de recém-nascidos, e aumento de cerca de 60% na ocorrência de infertilidade.
A dose recomendada para consumo diário de Selênio deve ser prescrita por um profissional especializado. No entanto, é cerca de 200 a 400μg por dia.
Nos homens, ele atua na produção espermática, prevenindo a ação oxidante e preservando a elasticidade do tecido. Sua deficiência pode causar perda de motilidade e deformação de espermatozoides. Propõe-se o consumo diário de 220mcg durante 26 semanas.
Iodo
A deficiência de Iodo afeta grande parte da população mundial. Essa, por sua vez, é a responsável por casos de hipotireoidismo, doença que possui grande impacto na fertilidade e aumento do risco de aborto. Além disso, interfere também na maturação do folículo ovariano, que causa a Síndrome do Ovário Policístico
O consumo diário é, em média, de 250μg/dia para lactantes e 200μg/dia para grávidas.
Magnésio
A deficiência de Magnésio está associada a complicações no sistema reprodutivo masculino e feminino, acarretando em maiores chances de aborto espontâneo, nascimento prematuro e com baixo peso, e também infertilidade.
O Magnésio é necessário para regular a função estrogênica e auxiliar as ligações do FSH aos receptores ovarianos. Ele também possui função antioxidante, o que reduz o estresse oxidativo causado durante o período gestacional.
Coenzima-Q10
A Coenzima-Q10 exerce papel importante tanto na movimentação dos espermatozoides quanto na prevenção da oxidação das membranas espermáticas. Função essa, que é potencializada com a associação da CoQ10 com vitamina E.
Vitamina C
É encontrada abundantemente no plasma seminal, e por isso, exerce papel importante na motilidade de espermatozoides.
Sua deficiência pode acarretar aumento dos danos ao material genético dos espermatozoides, levando à infertilidade. Recomenda-se o consumo de 1000mg/dia.
Ômega 3
No homem atua no fortalecimento e movimentação de espermatozoides e previne a disfunção erétil. Na mulher, auxilia o melhor funcionamento e produção ovariana.
Indica-se o consumo de doses com 400 a 800mg DHA ou 1865MG de EPA+DHA/DIA por 12 a 32 semanas.
Zinco
Auxilia na regulação dos níveis de testosterona e da quantidade de espermatozoides. Atua também na redução de anticorpos anti-espermatozoides.
A dose recomendada é de 15mg/dia.
Nutrição e fertilidade: qual a conclusão?
Recomenda-se adequação da alimentação através:
- do cálculo correto da necessidade energética diária;
- da prática constante de atividades físicas;
- do consumo de variados vegetais ricos em micronutrientes e antioxidantes;
- da redução do consumo de industrializados, frituras, alimentos ricos em açúcar, gorduras hidrogenadas e sal
- do ajuste do consumo hídrico diário.
Estudos mostram que o alcoolismo e tabagismo também podem atuar reduzindo a capacidade fértil e a produção seminal: sua quantidade e qualidade.
Mesmo possuindo muitos resultados inconclusivos, os estudos já permitem observar o quão importante é a Nutrição no tratamento da Infertilidade.
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REFERÊNCIAS
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/8062/7248
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/156157/Resumo_21475.pdf?sequence=1
Suplementação Nutricional na Infertilidade Feminina e Masculina