Imaginação infantil: a importância das histórias para a criança

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Entenda por que a imaginação faz parte do desenvolvimento da criança e como possibilitar uma inventividade saudável através de histórias

Toda criança inicia sua vida envolta em uma nebulosa, uma cortina quimérica que faz com que tudo seja imaginação. Quis a inteligência e a sabedoria da natureza que fosse assim, para que  não sofresse com os rigores da realidade. Para viver na realidade é necessário conhecimentos, tempo, vivências, e as crianças carecem desses elementos; precisam antes caminhar, aprender, desenvolver para chegarem a essa condição.

Além da imaginação, encontramos mais duas faculdades mentais predominando na  infância:  a observação e a memória. Sua capacidade de absorver o que vê e sente é assombrosa, chegando a ser comparada com uma esponja, que suga e capta manifestações, por vezes imperceptíveis. Todas essas imagens, sensações e  emoções  captadas durante esse período vão sendo depositadas na memória, como um grande baú, capaz de armazenar, sem seleção e critério, tudo o que é percebido, tal qual campo virgem e fértil pronto para receber a semente plantada. Isso é aprendizagem e também desenvolvimento.

Mas o que queremos que nossas crianças aprendam e desenvolvam em suas vidas? A qualidade desse conteúdo vai depender do nosso  fazer diário. Por isso a importância de áreas como a Neurociência e a Psicopedagogia para a compreensão do imaginário infantil e de sua relevância para a Educação.

 

Histórias e o aprendizado da criança

As histórias e fatos que contamos, as formas de encarar e externar as experiências vividas, as imagens e conceitos captados na mídia, as palavras que pronunciamos (…) são guardadas na sua memória e “retiradas” da sua mente infantil durante as ” brincadeiras fantasiosas”, reproduzido impressões e observações. São aqueles momentos em que estão livres para criar as situações, usando dos elementos armazenados na memória para a manifestação dessa função semiótica… Nessa hora podemos avaliar o que e como cada fato repercutiu no seu interno. Observar uma brincadeira espontânea da criança é conhecer os pensamentos que habitam em seu mundo pessoal e, ao mesmo tempo, avaliar o que temos ensinado, consciente ou inconscientemente.

Quanto cuidado é necessário ter com nosso comportamento! É preciso desenvolver um verdadeiro estado de alerta para oferecer o melhor em relação à formação do caráter, que é, segundo González Pecotche, a fisionomia da alma. Temos que ter a consciência do nosso dever de educar!

As histórias contadas devem ser selecionadas, regadas das melhores imagens e mensagens, evitando recursos negativos, palavras e desenhos sombrios e artificiais. As palavras repletas de docilidade e firmeza, valor moral e exemplos.

 

Como alimentar a imaginação saudável da criança?

A imaginação é uma faculdade da inteligência que não precisa ser estimulada na criança, já que ela se manifesta por si só, é inata e cumpre uma função especialíssima de proteção e resguardo. Devemos evitar alimentá-la com nossas ilusões e fantasias, sob pena de inibir sua criatividade e poder.

Quando lemos para uma criança, estamos dando oportunidade de invenção e articulação, no seu cenário mental, de um repertório rico em cores, formas e vida: é a imaginação pulsando e colocando as imagens em ação.

Temos cercado  nossas crianças de muitas e belas histórias? Histórias contadas em livros, recordadas das suas vidas, resgatadas da infância do próprio filhoaluno? Contar a vida, parte da vida ou de toda a vida, própria e da natureza. Contar história que é também  pegar o álbum de fotos, os cadernos da escola (dos pais e dos filhos), os livros da estante, os brinquedos… e dar vida, destacando o valor, o prazer, narrando sentimentos, aprendizagens, amadurecimento e alegria. Que belo e proveitoso uso da imaginação! Que maravilhoso exercício de encontro com nossos filhos e conosco mesmos!

*Texto publicado originalmente na Revista Linha Direta

Autora:

Cristina Coronha
Neuropsicopedagoga
Consultora Educacional para o Desenvolvimento de Valores e Talentos. Neuropsicopedagoga/Psicopedagoga (UFRJ), Gestora Social (UFJF), Pedagoga/Orientadora Vocacional (UFF), Especialista em Educação Infantil. Autora de livros e artigos para jornais e revistas. Professora de Pós-graduação em Psicopedagogia e Gestão Pedagógica. Mediadora do Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI), pelo International Center for the Enhancement of Learning Potential (Israel)
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