Descubra o que são os Grupos Especiais, o seu crescimento no Brasil e de que forma devem ser agrupados quanto aos riscos para exercícios físicos
Falar sobre Grupos Especiais é algo que traz uma satisfação e um interesse muito grande, pois ainda na faculdade de Educação Física iniciei os estudos com o objetivo de me capacitar para atender esses públicos. O fato de trabalhar como agente ativo da equipe de saúde diretamente no tratamento de diversas doenças, me fascina e promove um retorno pessoal e profissional muito grande.
Após finalizar a graduação, tive a oportunidade de continuar estudando sobre a prescrição de exercícios para diferentes populações de Grupos Especiais tanto na especialização quanto no mestrado. Hoje, sou coordenador da pós-graduação em Educação Física Aplicada a Grupos Especiais e tenho buscado cada vez mais me especializar no trabalho com pessoas que sofreram diferentes tipos de lesões no sistema nervoso e lesões osteomioarticulares graves, que causam dores e déficit ou prejuízo para a vida cotidiana.
O que são os Grupos Especiais?
Antes de qualquer coisa é preciso entender como classificamos e agrupamos os indivíduos que fazem parte dos chamados Grupos Especiais, pois é a partir daí que vamos determinar como será a prescrição do treino de cada cliente e, principalmente, como vamos controlar as variáveis do treinamento do início ao fim de cada sessão.
Para facilitar o entendimento e grupamento dos indivíduos que compõem os grupos especiais, podemos dizer de um modo geral que todo indivíduo que apresenta algum problema de saúde ou condição de caráter irreversível ou não, que interfira diretamente na prática esportiva ou que apresente cuidados específicos para participar de um programa de exercício físico, se encaixa em alguma população de grupos especiais.
Pensando dessa forma, podemos exemplificar algumas populações especiais, como: diabéticos, hipertensos, ateroscleróticos, crianças, obesos, tabagistas, cardiopatas, grávidas, deficientes físicos, deficientes cognitivos, pessoas com síndromes metabólicas ou síndromes genéticas, lesados medulares e cerebrais, etc.
O idoso é um bom exemplo de grupo especial que merece nossa atenção devido ao aumento populacional e, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), já em 2030 o seu número será maior que o de crianças no nosso país. E você pode conferir mais sobre a prescrição de exercícios para idosos no post da educadora física Jéssica Sobrinho aqui Blog do IESPE.
Dados de 2014 recolhidos pela VIGITEL ainda revelaram a grande quantidade de pessoas que sofrem com doenças crônicas: obesos configuram 16,8% da população (mais de 33 milhões) e hipertensos 22,8% (45 milhões). A Diabetes também é um problema recorrente, correspondendo a 7,1% dos brasileiros (14 milhões).
Esses dados são tão alarmantes em nível local e internacional, que o ACSM (American College of Sports Medicine) lançou e está trabalhando em uma campanha mundial intitulada Exercise is Medicine® (Exercício é Remédio), em que os profissionais da Atenção Primária à Saúde devem encorajar a prática de exercício durante o tratamento das doenças. E os educadores físicos especializados em Educação Física Aplicada a Grupos Especiais são os principais agentes que atuam com essas populações.
Como classificar os Grupos Especiais?
De acordo com Paulo Sena, professor da Universidade de Vigo (Espanha), podemos classificar esses indivíduos em três subgrupos quanto aos riscos durante a prática de exercício físico:
1- Aparentemente saudáveis: indivíduos que são assintomáticos e aparentemente saudáveis, com não mais do que um fator de risco coronário;
2- Risco aumentado: indivíduos que têm sinais e sintomas que sugerem uma possível doença cardiopulmonar ou metabólica e/ou dois ou mais fatores de risco coronário;
3- Doença diagnosticada: indivíduos com uma doença cardíaca ou pulmonar diagnosticada.
Quanto maior o risco apresentado, maior deverá ser a supervisão de cada sessão de treino com limites de carga, volume e intensidades muito bem definidos e controlados, para não apresentar perigo aos alunos e, principalmente, para garantir os resultados positivos pretendidos pelo profissional.
Considerações finais
É preciso estudar muito os conhecimentos de base como a epidemiologia, fisiopatologia e principalmente os parâmetros e posicionamentos para controle de atividade física de acordo com cada grupo de doença.
Sempre digo aos meus alunos que antes de iniciarem uma sessão de treino é preciso sempre fazer uma anamnese, pois mesmo que já conheçam a pessoa que será atendida, existe a necessidade de buscar fatores que possam interferir diretamente no planejamento do treino. Esses fatores podem ser internos, causados pelas doenças já diagnosticadas, como, por exemplo, algum sintoma de dor ou mal-estar resultante de um quado agudo que possa ter acontecido durante o período que não se encontraram. É muito importante também observar fatores externos, como, por exemplo, estresse no trabalho, noite mal dormida, ingestão alimentar e hídrica, etc.
Toda e qualquer informação suplementar que você possa obter com outros profissionais de saúde que tratam seus alunos é fundamental para conseguir oferecer um trabalho de qualidade e de baixo risco. Sendo assim, não deixe de fazer contato com o médico, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, etc. Enfim, é preciso uma boa comunicação entre todos que fazem parte do tratamento.
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Se quiser ler sobre uma população específica, me envie um comentário, ok?
Vou ficando por aqui. Grande abraço a todos!