Entenda como funciona o metabolismo aeróbio em situações de repouso e de exercício físico e a importância do oxigênio para esses dois processos
Você já deve estar se perguntando: então todo exercício é aeróbio? Isso significa que a musculação, por exemplo, também está incluída nessa classificação? A resposta é “sim”! Neste texto vamos entender o comportamento do oxigênio em todos os movimentos humanos, tornando essas atividades “aeróbicas”.
O metabolismo humano é predominantemente aeróbio, ou seja, dependemos do oxigênio que extraímos do ar que respiramos para sobreviver. Isso porque esse elemento químico é essencial para a oxidação de substratos energéticos, composição bioquímica da água e gás carbônico, duas das principais moléculas geradas a partir de qualquer reação metabólica de transformação energética.
Essa é uma das principais adaptações evolutivas que nos permitiram a vida no planeta terra. Somos seres aeróbios e esse condicionante nos permite sobreviver. Em contrapartida, precisamos nos alimentar, pois não produzimos nosso próprio alimento. Diferentemente das plantas que são autótrofas e conseguem gerar seu próprio sustento, nós humanos heterótrofos não o fazemos. Portanto, está aí a justificativa de que precisamos comer e dependemos do oxigênio para, entre outras reações digestórias e bioquímicas, oxidar os nutrientes advindos da alimentação.
Exercício físico aeróbio
Como já falamos aqui no Blog, o metabolismo aeróbio e a produção energética são afetados pela inércia ou movimento do indivíduo. Veja a diferença:
Em repouso: na ausência de atividade física e maior demanda energética de acionamento metabólico, nossa energia é predominantemente advinda do sistema lipolítico. Nele, nossa reserva de gordura é mobilizada e oxidada para suprir a necessidade de energia para aquele momento.
Durante o exercício físico: o aumento da contração muscular dispara sinais que induzem um aumento da necessidade de oxigênio para metabolização e manutenção do nível e acionamento dos sistemas energéticos que suportam as miofibrilas ativadas. Independente da intensidade do exercício físico, seu corpo ainda precisa de oxigênio para desencadear essas reações.
Embora consigamos em curto espaço de tempo realizar qualquer tipo de atividade física em apneia, ou seja, sem respirar, ainda assim temos uma quantidade de oxigênio presente no sangue e células. Elas que irão manter-se em processamento e garantir a vida e a geração de energia durante o acúmulo de ácido carbônico e lactato (advindo do excesso de gás carbônico, produzido devido à ausência da extração de oxigênio do ar respirado). No entanto, com o passar do tempo há uma mudança do Ph do sangue e em outros processos que exigem a presença de oxigênio para manter-se ativos.
Conclusão
Existe uma diferenciação da predominância de combustível energético acionado de acordo com a modalidade esportiva ou de exercício físico praticado, seja ele leve, moderado ou vigoroso. Confira, por exemplo, o que falamos sobre os tipos de exercícios aeróbios.
Ainda assim, o que garantirá que esses substratos sejam metabolizados, tanto durante o exercício quanto após o mesmo, será a capacidade aeróbia que o ser humano possui.
Portanto, de uma maneira geral, podemos afirmar que todo e qualquer tipo de exercício físico será sempre aeróbio e, por conta disso, as adaptações metabólicas subsequentes ao aumento do nível de contração muscular de toda atividade física serão regidas pelo oxigênio. Assim, o ganho de massa muscular, emagrecimento e redução do percentual de gordura sempre dependerão de oxigênio para se desenvolver.
Entendeu agora por que toda atividade física ou exercício físico (sim, existe diferença entre os dois termos) são predominantemente aeróbios?
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