Última atualização em 17 de novembro de 2017
IESPE

Estudo relaciona câncer com uso de suplementos alimentares

Análise foi realizada com 900 norte-americanos.

Uma pesquisa publicada no British Journal of Cancer está ligando o uso de suplementação para aumento de massa muscular, a hipertrofia, com o risco de câncer nos testículos. O estudo relaciona a patologia com uso de suplementos alimentares e foi realizado nos Estados Unidos. De acordo com a análise, homens que utilizam pílulas e suplemento em pó estão mais propensos a desenvolver a doença do que homens que não fazem uso, especialmente se eles começaram antes dos 25 anos, consumiram mais de um suplemento, ou tiveram hábito contínuo por três anos ou mais.

Tongzhang Zheng, que liderou o estudo na Universidade de Yale, antes de ingressar na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Brown como um professor de epidemiologia, afirma que em 1975 a incidência de câncer testicular era de 3,7 casos por 100.00 homens, e em 2011, houve um aumento para 5,9 casos por 100.00 homens. “O câncer de testículo é um câncer muito misterioso”, disse ele. “Nenhum dos fatores que temos suspeitado pode explicar o aumento”, afirma.

Os dados são o primeiro estudo epidemiológico analítico da possível ligação entre suplementos e este tipo de câncer. O trabalho foi inspirado por provas de que pelo menos alguns componentes dos suplementos podem ter danificado as células dos testículos da amostragem do estudo.

“Nosso estudo descobriu que o uso de suplementos foi relacionado a um maior risco de desenvolver câncer de testículo. Estes resultados são importantes porque existem poucos fatores de risco modificáveis identificados para o câncer testicular”, disse Russ Hauser, professor de ciências da saúde ambiental na Harvard T.H. Chan School of Public Health, principal colaborador da pesquisa.
Testando as probabilidades

Para realizar o estudo, a equipe de pesquisa de Zheng realizou entrevistas detalhadas com cerca de 900 homens norte-americanos – 356 dos quais tinham sido diagnosticados com câncer testicular, e 513 que não tinham. Nas entrevistas, os pesquisadores perguntaram, além do uso de suplementos, sobre uma grande variedade de outros possíveis fatores, tais como fumar, beber, prática de exercícios físicos, história familiar de câncer testicular, e lesões anteriores de seus testículos ou virilha.

Após registrar os dados respondidos, e isolar os possíveis fatores de confusão, como idade, raça e outros dados demográficos, os pesquisadores descobriram que os homens que usaram suplementos tinha um relação de probabilidade de 1,65 (um risco 65 por cento maior) de ter desenvolvido câncer testicular em comparação com os homens que não usaram suplementos.

Os pesquisadores calcularam a probabilidade de chances para a incidência de câncer testicular. Entre os homens que usaram mais de um tipo de suplemento houve um aumento de 2,77 (um risco de 177 por cento maior), já entre os homens que usaram suplementos três anos ou mais o aumento foi de 2,56. Aqueles que iniciaram o uso de suplementos antes de 25 anos apresentaram 2,21 de chance para a incidência de câncer testicular.

Desta forma, os cientistas concluíram que, “considerando a magnitude da associação e as tendências de respostas às doses observadas, os suplementos para hipertrofia muscular podem ser uma exposição importante e modificável que poderia ter importância científica e clínica para a prevenção de câncer testicular, se essa associação for confirmada por futuros estudos”. Apesar disso, serão necessários novos estudos epidemiológicos em maior escala para estabelecer a ligação mais direta, clara e evidente entre o consumo de suplementos e a causa de câncer testicular.

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