Conheça a importância e os princípios da Disciplina Positiva, método para pais e professores que está mudando a educação de crianças
Já de muito tempo, áreas do conhecimento como a Psicopedagogia e a Neurociência, oferecem subsídios para um olhar diferenciado sobre o desenvolvimento da criança
A proposta da Disciplina Positiva é educar as gerações para a autodisciplina, responsabilidade, cooperação, desenvolver nas crianças e jovens a capacidade de solucionar problemas, de modo a se tornarem membros responsáveis, respeitosos e ativos de suas comunidades.
Inspirada no trabalho dos psicólogos Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, essa abordagem vem sendo desenvolvida e aprimorada pela Dra. Jane Nelsen e seus colaboradores nos Estados Unidos há mais de 30 anos. Ainda hoje ela trabalha ativamente na Califórnia, é autora de mais de 20 livros sobre desenvolvimento infantil e criadora da Associação Americana de Disciplina Positiva (www.positivediscipline.org).
É aqui que o que começamos a falar no texto anterior com o trecho do livro “Quando me amei de verdade” ganha sentido nessa jornada por uma educação diferente: um dos princípios fundamentais da Disciplina Positiva é o respeito mútuo.
Derivada do latim respectus – de re (de novo) e specere (olhar) – traduz a necessidade de um segundo olhar, e essa atitude nos protege – e também protege o outro – de julgamentos e ações precipitadas. Um segundo olhar sobre o comportamento da criança nos dirá o que ela realmente quer – o que existe por trás da birra, da pirraça ou da resistência a fazer o dever de casa? Um segundo olhar sobre o nosso próprio comportamento nos dirá se o que estamos fazendo é realmente para ajudar o outro ou se é para forçá-lo a fazer o que nós queremos.
O respeito na Disciplina Positiva
Respeito mútuo é a base de uma resposta verdadeiramente educativa às provocações dos educandos. É um passo para semear a paz que queremos no mundo. É também essencial para a prática de uma educação gentil e firme ao mesmo tempo. Alguns adultos têm dificuldade em praticar esse modelo pelo simples fato de não saberem o que isso quer dizer exatamente.
Segundo Jane Nelsen, gentileza demonstra respeito pelo educando, e firmeza demonstra respeito por si e pelas necessidades da situação. Portanto, ser gentil e firme ao mesmo tempo pressupõe que nós devemos olhar de novo para o fato em curso (re-spectus), identificar a necessidade e as capacidades que o educando tem a oferecer e buscar uma solução que atenda as suas demandas e as do momento, sem exigir do outro o que ele não pode dar. Isso é a materialização do respeito mútuo.
A questão é que estamos treinados a reagir. E mudar isso dói. Muito. Exige autoeducação, mudança de crenças, renúncia ao autoritarismo que o posto de educador nos conferiu por tanto tempo, paciência conosco e com o outro, substituição da culpa pela consciência. É uma jornada em que temos a responsabilidade de nos educar e educar o outro ao mesmo tempo. Erros vão continuar acontecendo e é necessário outro olhar para isso também. É uma revolução em curso no que vem a ser um ser educador que aceitou a missão de contribuir para o futuro. Às vezes eu penso que devíamos ser mesmo super-heróis pra dar conta disso. Porque aceitar que somos só uma pessoa, por mais óbvio que isso possa parecer, às vezes dói.
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