Entenda o papel do peso e composição corporal no emagrecimento e quais componentes devem ser avaliados por profissionais de educação física
Muitas pessoas que se engajam em programas de alimentação ou prática de exercícios físicos relatam como objetivo principal a obtenção de emagrecimento. Nesse contexto, o profissional de educação física tem o importante papel de prescrever atividades adequadas às necessidades do aluno. Mas de que forma devemos considerar o peso e a composição corporal?
Além de ser uma característica realçada pelo valor atribuído ao status social e estética, um corpo magro está associado à uma série de benefícios. Dentre eles, podemos destacar o aumento da expectativa de vida, melhora da atividade metabólica de todos os nossos sistemas corporais e, consequentemente, redução das chances de desenvolvimento de doenças cardiometabólicas, ortopédicas e alguns tipos de cânceres.
Entretanto, muitas pessoas não sabem o que é de fato emagrecer! Primeiramente, como almejar ou conquistar algo que nem “sabemos” o que é?
Quando pensamos somente em peso corporal, deixamos de lado o entendimento dos diversos fatores inerentes à melhora do metabolismo, que de fato é o responsável pelos benefícios relacionados à melhora da saúde. Para entender o emagrecimento como um todo, vou aprofundar nesses e outros conceitos. Aproveite para conferir o que já foi dito aqui no Blog sobre emagrecimento, principalmente sobre o papel do exercício físico e da alimentação nesse contexto.
Peso corporal ou composição corporal?
O nosso peso corporal reflete o volume e preenchimento dos compartimentos de nossas estruturas corporais. Estamos falando de nossas vísceras, tecidos, fluidos e nutrientes que circulam e compõem o corpo como um todo.
No entanto, isso não é capaz de refletir a composição corporal propriamente dita. Principalmente porque o peso corporal não indica a quantidade de massa muscular magra ou tecido adiposo visceral ou subcutâneo. E esses fatores são de suma importância para projetarmos o quanto o componente morfológico e estrutural influencia a atividade do metabolismo.
Confira abaixo os aspectos da composição corporal que devem ser considerados por um profissional no processo de emagrecimento do indivíduo:
Tecido muscular esquelético:
Quanto maior for a quantidade de tecido muscular esquelético, provavelmente maior será a capacidade oxidativa mitocondrial das células musculares devido à melhora da atividade hormonal, enzimática e proteica que acompanha o processo de síntese de proteínas musculares e, em longo prazo, o ganho de massa muscular. Além disso, nossa musculatura esquelética libera potentes agentes anti-inflamatórios e transcricionais capazes de remodelar ou sinalizar positivamente a atividade celular de outras estruturas teciduais que, de modo indireto, interferem no metabolismo como um todo.
Concomitantemente, a redução da massa adiposa está associada a uma diminuição do estado pró-inflamatório sistêmico, visto que nosso tecido adiposo é um importante órgão endócrino capaz de liberar agentes responsáveis pela estimulação e controle de diversas funções fisiológicas. Entre elas, está o gasto energético e o comportamento alimentar, cujo controle depende também do grau de sinalização hipotalâmico dos agentes liberados pelos adipócitos.
Densidade mineral óssea:
Outro aspecto pouco citado é a densidade mineral óssea. Nossa massa óssea reflete diretamente o quanto nosso metabolismo está funcionando, visto que um descontrole da atividade mineral do cálcio está diretamente associado à liberação de agentes endócrinos do tecido ósseo. Consequentemente, reflete como a atividade hormonal derivada do controle nutricional do cálcio está sendo processada e, é claro, serve de reflexo dos desdobramentos sistêmicos do metabolismo como um todo. Portanto, não pense em peso corporal e sim em composição corporal.
Tanto o nutricionista quanto o profissional de educação física são capazes de fazer uma avaliação física cujo resultado servirá de parâmetro para o acompanhamento e diagnóstico do estado nutricional e composição corporal. E, para isso, devem dedicar tempo ao estudo e especialização em Nutrição e Educação Física.
Dessa maneira, o controle e acompanhamento dos resultados de qualquer intervenção que envolva esses profissionais tende a ser mais fidedigno e maiores serão as chances de alcance dos objetivos pretendidos.
Referências:
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