Controle do comportamento alimentar e emagrecimento: qual é o papel do exercício físico?

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Entenda como funciona o comportamento alimentar no cérebro e de que forma o exercício físico permite romper a estagnação do emagrecimento

 

Para muitos alunos, depois da dificuldade em emagrecer, surge um novo desafio: manter o processo de emagrecimento. E o ponto central para a solução desse problema está no controle do comportamento alimentar relacionado ao metabolismo.

 

Como veremos  adiante, existem dois fatores que contribuem nesse sentido para a estagnação do emagrecimento: o peso corporal elevado e o sedentarismo. Portanto, o exercício físico possui um papel importantíssimo na saúde e qualidade de vida desses alunos. Confira como funciona esse processo:

 

 

O cérebro e o comportamento alimentar

 

O controle do comportamento alimentar é essencialmente regulado pela sinalização central dos impulsos periféricos de diversos órgãos que usam o termômetro metabólico como estimulador dos sinais que retroalimentarão a comunicação hormonal entre periferia e comando nervoso central.

 

O hipotálamo é considerado o principal órgão do cérebro que recebe, detecta e responde hormonalmente aos estados metabólicos de nosso corpo. Dessa forma, quando você tem fome, apetite ou se sente saciado é nesse órgão que chegam essas informações.

 

A magnitude desses impulsos depende do grau de disponibilidade da energia e eficiência dos sistemas que a gerenciam. Se uma pessoa apresenta uma vontade maior de comer, ou ingere muitos alimentos sem necessariamente apresentar qualquer vontade de comê-los, sugere-se que o controle metabólico, inflamatório ou hormonal esteja desequilibrado. Com isso, podemos concluir que o equilíbrio entre os sinais e as respostas advindas do comando central para redução da vontade de comer está comprometido.

 

O alto peso corporal associado ao grande depósito de gordura é um dos principais atenuadores dessas respostas. O tecido adiposo em demasia libera adipocinas pró-inflamatórias que bloqueiam a sinalização correta dos hormônios responsáveis pela fome, apetite e saciedade.

 

Assim, quanto mais bloqueado é o caminho para o sinal eficiente do hipotálamo, menores e mais lentas serão as respostas inibitórias advindas do cérebro para a periferia e vice-versa.

 

É por isso que uma pessoa pode comer muito e mesmo assim não se sentir saciada. Ou então ficar sempre com fome mesmo comendo alimentos de mais sabor, energia e prazer.

 

 

Como o exercício físico contribui para o emagrecimento?

 

A prática de exercício físico melhora a eficiência com que esses sinais chegam até o hipotálamo. Ou seja, uma pessoa que treina apresenta maior rapidez para traduzir os sinais anorexígenos, o que repercute na melhora no controle do comportamento alimentar. Assim, ao comer, um indivíduo ativo recebe mais rapidamente o sinal de saciedade e para de comer com mais facilidade. Se você quer saber mais sobre esse processo, aproveite para ler o meu texto sobre o impacto da atividade física no apetite aqui no Blog do IESPE.

 

Paralelamente, ao se perder peso isso também acontece. Há uma melhora desses sinais. Entretanto, geralmente após 3 meses realizando um programa de emagrecimento o corpo tende a reduzir os efeitos metabólicos conquistados ao longo do processo.

 

Esse é o momento crucial para que uma pessoa que quer emagrecer aumente a atenção quanto aos comportamentos adotados. É por isso que para emagrecer com saúde e eficiência deve-se aprender sobre o emagrecimento e não somente “praticá-lo”. E, claro, ter o acompanhamento de profissionais especializados em Educação Física e Nutrição.

 

Uma das principais orientações para romper a estagnação após os 3 meses iniciais de um programa de emagrecimento é reduzir a ansiedade e a verificação constante do peso corporal na balança.

 

A progressão da perda de peso após esse período é lenta e potencializar as vias que melhoram a sinalização dos estímulos que regulam o metabolismo é o mais prudente a ser feito. Um dos melhores sensibilizadores positivos dessas vias (hormonais, inflamatórias, absortivas, imunes, enzimáticas, proteicas e epigenéticas) é a prática de exercícios físicos, tanto do tipo aeróbio quanto do resistido, e principalmente ambos.

 

 

Referências:

 

Paes, Santiago T. et al. Metabolic effects of exercise on childhood obesity: a current view. Revista Paulista de Pediatria. 2015;33(1):122-129.

 

Paes, Santiago T. et al. Childhood obesity: a (re) programming disease? J Dev Orig Health Dis. 2015, 1-6.

 

Paes, Santiago T., Bianchini, Renato M. How to Start an Exercise Program for Obese Individuals and Minimize the Incidence of Orthopedic Problems? J J Obesity. 2015. 1(3): 021.

 

Paes, Santiago T., Bianchini, Renato M. Obesity: How can Interventions Ensure Treatment Success? Int J Endocrinol Metab Disord 2015, 1(4): 15:21.

 

Paes, Santiago T., Bianchini, Renato M. Childhood Obesity: Role of Non-Pharmacological Program of Body Weight Reduction Treatment. J Endocrinol Diabetes Obes 3(3): 1077.

 

 

 

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Santiago Paes

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