Em uma área vasta de atuação, a enfermeira Ana Cristina Abraão conta como se apaixonou pela Cardiologia e Hemodinâmica.
Olá,
Tudo bem?
Meu nome é Ana Cristina de Oliveira Abraão Santesso, mestra em Enfermagem (com muito orgulho) e professora. Hoje o post do Blog do IESPE é por minha conta e nós vamos falar sobre Hemodinâmica, combinado?
Bem, antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que eu achei muito interessante esse espaço onde nós, profissionais das mais variadas áreas, podemos falar sobre diversos assuntos que permeiam o nosso dia-a-dia, expor sugestões, oportunidades de melhoria, falar sobre o que acontece de bom em nossa rotina, daquilo que tem funcionado e o que precisa mudar.
Quando recebi o convite para escrever, fiquei pensando sobre qual tema poderia falar, afinal, nossa área, de Enfermagem, é tão extensa e cada ramo de atuação tem uma beleza particular; talvez com ritmos diferentes, mas ainda sim, uma profissão muito bela. Foi quando me veio um insight: todos nós passamos por aquela insegurança no início da carreira, não é? Aquele frio na barriga de dormir estudante e acordar desempregada (risos).
Por este motivo, pensei em contar um pouco da minha história pois, quem sabe, assim, poderei ajudar alguns colegas de profissão que estão um pouco perdidos a se encontrarem e perceber que esses momentos de dúvidas servem, muitas vezes, para o nosso crescimento pessoal e profissional.
A formatura é sempre uma alegria, não é mesmo? Geralmente é uma festa muito animada onde temos a oportunidade de relembrar todas as noites que a gente não dormiu para entregar os trabalhos, estudando para provas, seminários, litros e litros de café para aguentar aquela maratona de livros, conteúdo teórico e prático, mas tudo isso agora vai fazer parte do passado… Mera ilusão: a realidade chega em nossa porta na segunda-feira.
É muito comum achar que não “sabemos nada” ou que o diploma é só mais um documento que implicará no seguimento de uma especialização até o pós-doutorado… e às vezes continuaremos achando que continuamos no nível zero da escala de sabedoria.
Nessas horas, é fundamental manter a calma, respirar e pensar positivo. Vou dar uma dica para você: siga o seu coração e seja crítico consigo mesmo, buscando encontrar uma resposta convincente sobre o que te move. É preciso seguir nossos corações e ir em busca daquilo que mexe com a gente. Parece piegas, eu sei, mas isso funciona muito.
Vou contar o meu exemplo:
Há 15 anos, quando eu ainda estava na graduação de Enfermagem, estudei a disciplina de Saúde Pública e achei que meu caminho seria a estratégia de Saúde da Família com suas amplas possibilidades. Contudo, preciso confessar: o meu coração batia mais forte nos aspectos que envolviam a Unidade de Terapia Intensiva. Sabe quando você adora uma coisa, mas a outra chama muito a sua atenção, desperta o seu interesse? Então, essa era mais ou menos a relação que eu tinha com as duas áreas.
Enfim, o tempo passou, eu me formei, comecei a trabalhar na Estratégia de Saúde da Família, como havia previsto; me sentia muito à vontade e feliz, mas apesar disso, parecia que faltava alguma coisa, era como se eu tivesse a sensação de que algo estava faltando. Indo atrás destas respostas, comecei a trabalhar em Unidade Hospitalar, me especializei em Terapia Intensiva Adulto e Neonatal e a felicidade, que já estava grande, ficou maior ainda. A questão era: agora eu estava adequada à área que me dava paixão. Isso fez toda diferença para mim e, óbvio, pode fazer para você.
Sempre fui muito próxima e apaixonada pela Fisiologia, e na busca de maior conhecimento sobre o funcionamento do nosso corpo e seu adoecimento, procurei pela especialização em Cardiologia e, ao mesmo tempo, coincidentemente, fui convidada para assumir um Serviço de Hemodinâmica.
Hemo, o quê? Nunca havia ouvido falar nessa tal Hemodinâmica que (olhem só) depois viria se tornar uma grande paixão na minha vida.
Foi assim, nem tanto quanto “ver o mar a primeira vez”, que meus sonhos e desejos foram se realizando. Atrelei toda minha vontade de conhecimento a atividades extremamente significantes para minha realização profissional, além de outra grande paixão despertada: a docência.
A especialização em Cardiologia e o trabalho em serviço de Hemodinâmica colaborou para que eu pudesse assistir a vários tipos de pessoas desenvolvendo e aprendendo dia-a-dia sobre nós mesmos, nosso corpo e as doenças. Mas por quê?
A Cardiologia não abrange somente o coração, mas sim todo o sistema cardiovascular envolvendo cérebro, próprio coração (obviamente), pulmão, rim, que faz com que a gente entenda toda a fisiologia do corpo, assim como compreender o processo de adoecimento quando estes órgãos não funcionam bem. Muito além de apenas conhecer e reconhecer o problema, os estudos vão nos dar condições de saber tratá-los de diversas formas. Neste momento, entra a relevante atuação da cardiologia intervencionista e todos os seus aspectos.
A Cardiologia intervencionista, como o próprio nome já diz, é a área da Cardiologia que vai atuar com alguma intervenção no nosso organismo. De acordo com dois autores muito conhecidos de nós, Ferreira e Cavalcanti, “Hemodinâmica” é uma palavra que vem do grego haima (sangue) e dynamis (força), significando o estudo dos movimentos do sangue e dos fatores que neles intervêm . Cavalcanti chega a dizer ainda que os estudos hemodinâmicos tiveram início lá em 1905, com o médico alemão Fritz Bleichroeder; na época, Bleichroeder introduziu um cateter nas veias e artérias de cães e em suas próprias veias, porém, sem controle radiológico. Já, em 1929, Werner Forssmann, também médico (inclusive ganhador do Nobel de Fisiologia e Medicina), repetindo a experiência, introduziu um cateter por dissecção venosa até o átrio direito, sob controle radioscópico, caracterizando assim o primeiro cateterismo cardíaco.
Bem, o que quero dizer é que a área de saúde e, em grande parte, a Enfermagem vem evoluindo consideravelmente na área da cardiologia intervencionista e caminhando em uma linha que traça um percurso de desenvolvimento da assistência pelo próprio crescimento da cardiologia e pela inovação tecnológica. O que exige capacitação adequada dos profissionais em relação aos procedimentos realizados nesta área.
As unidades de hemodinâmica são parte desta grande área que é a Cardiologia Intervencionista. Um campo ainda recente, a Hemodinâmica consiste em procedimento minimamente invasivos, possibilitando aos pacientes uma recuperação mais rápida e segura. Uma excelente oportunidade tanto para o serviço de apoio para diversas áreas da medicina, quanto também para a atuação do enfermeiro.
Junto a esse crescimento, a enfermagem mostrou-se ainda mais incorporada ao serviço de Hemodinâmica com a criação do Departamento de Enfermagem da Sociedade Brasileira de Hemodinamica e Cardiologia Intervencionista pautado em princípios éticos e de conformidade com suas competências, o órgão associa-se com as demais instituições da enfermagem, buscando o desenvolvimento social e científico da profissão, tem como referência a consolidação da enfermagem como prática social, essencial na assistência e na organização e funcionamento dos serviços de saúde e o compromisso ético e técnico propor programas que visem à qualificação assistencial e que permitam maior grau de qualidade dos serviços prestados a saúde da população.
Atualmente, sou coordenadora e professora da especialização de Enfermagem em Cardiologia e Hemodinâmica da Faculdade Redentor no IESPE, a única especialização deste molde na região e posso assegurar com toda certeza que, enquanto profissional, estou plenamente realizada; primeiro, por atuar na área de Cardiologia, que tanto amo; segundo, por poder acompanhar o crescimento da área que escolhi para lecionar, vendo dia a dia os procedimentos se desenvolvendo, vagas surgindo e, claro, pacientes sendo cada vez mais curados sem sequelas, sem prejuízos, entre uma série de benefícios; e terceiro (mas não menos importante), por poder estar à frente de uma equipe comprometida em levar aquilo que existe de mais atualizado no tratamento de cardiopatas. Além de tudo isso, o mercado está cada vez mais crescente nesta área e ainda temos poucos profissionais especializados e com experiência.
Todas estas características que citei acima têm feito total diferença para mim, mas claro, “parar é a única palavra que não pode existir no nosso vocabulário. Ao sair de casa, todos os dias, temos que pensar o quão agraciadas e agraciados nós somos de poder trabalhar, colaborar para a melhora e a qualidade de vida das pessoas, essa missão é para poucos.
Bem, é claro que eu vou defender a minha área de atuação, né? (Risos).
Se você ainda está em dúvida sobre o que fazer na área de Enfermagem, acho que, quanto mais você puder conhecer da profissão, você vai se sentir mais seguro em sua decisão, quando chegar a hora. Vem conhecer o curso de Cardiologia e Hemodinâmica, quem sabe você, como eu, se apaixona por esta área maravilhosa?!
Pessoal, adorei conversar com vocês. Espero que a gente tenha mais oportunidades como esta. Ok? Você tem alguma dúvida? Comenta aqui abaixo que eu vou responder com a maior alegria.
Um grande beijo e até a próxima.
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3 comentários em “Como eu me apaixonei pela Hemodinâmica?”
Adorei sua história. Tenho uma paixão especial por cardiologia e pretendo fazer esta especialização.
Já fiz minha inscrição e estou ansioso para o o início das aulas…
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