Como a musculação pode melhorar a saúde?

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Entenda os principais benefícios da musculação e o papel do profissional de Educação Física para garantir a saúde do cliente

 

Que a prática de exercícios físicos é capaz de melhorar todos os fatores envolvidos na atividade metabólica e gerenciamento das reações de utilização de glicose e gordura de nosso corpo, muitos já sabem. Entretanto, existem aspectos peculiares envolvidos em cada tipo  de exercício que podem potencializar algumas vias metabólicas diferentemente de outras.

 

pequena-musculacao-blog-santiago-1O treinamento de força, também chamado de treinamento resistido ou mais popularmente musculação apresenta uma infinidade de benefícios para a saúde. A mais conhecida é o ganho de massa muscular, ou hipertrofia muscular. Isso acontece porque a contração muscular, quando estimulada para levantar uma determinada carga de resistência (que pode ser o peso do próprio corpo ou halteres e anilhas em academias de ginástica), é capaz de desencadear, através de microrrupturas nas fibras musculares, uma ação sistêmica de determinados agentes bioquímicos que “refazem” as miofibrilas rompidas de uma forma mais forte e consistente, o que aumenta o tamanho e a resistência dos músculos.

 

Paralelamente, esse tipo de modalidade é capaz de modular positivamente a sinalização de diversos hormônios e mediadores sinalizatórios anti-inflamatórios e imunes, que de modo sistêmico  melhoram variados aspectos relacionados ao nosso metabolismo direta e indiretamente. Para se dar exemplos, existem diversos estudos que mostram que a prática de musculação é capaz de promover a captação de glicose para dentro da célula. Isso ocorre independentemente da ação da insulina e significa que a contração muscular exigida por exercícios resistidos faz com que a glicose seja translocada para dentro da célula muscular sem que haja a sinalização da insulina nos receptores específicos localizados na superfície da membrana plasmástica das células musculares.

 

pequena-musculacao-blog-santiago-2Essa adaptação permite que menos insulina seja produzida pelo pâncreas para promover a entrada de glicose nas células musculares. Imagine o quanto de glicose seu sangue irá reduzir. Essa é uma das principais condições responsáveis pela modulação da quantidade de insulina liberada e consequentemente pela quantia que o nosso corpo será capaz de utilizar. Quando as concentrações de insulina ficam aumentadas, uma condição de resistência  à sua ação pode ser desenvolvida. Progressivamente, a manutenção desse estado pode levar à uma insuficiência de produção pelas células específicas do pâncreas, estado proeminente para o desencadeamento da diabetes mellitus do tipo 2.

 

 

Quais são os outros benefícios da musculação?

 

Outro exemplo de melhora da responsividade hormonal, são os hormônios do trato gastrointestinal que sinalizam no hipotálamo o controle das vias de fome, apetite e saciedade, permitindo assim um aumento da eficiência dessas funções, o que leva  à melhora do comportamento alimentar. Comportamento esse, diretamente associado ao quanto um indivíduo é capaz de comer e se sentir satisfeito com o volume ou quantidade de alimento consumido. Também está relacionado com o quanto será potencialmente estimulado pela sensação de fome. Pessoas que treinam musculação podem  reduzir o quanto são estimuladas pelo sinal de fome, ou seja, indivíduos ativos podem tanto demorar mais para sentir fome como ser menos acometidos pelos sinais da fome.  Isso pode tanto controlar a compulsão por estar sempre ingerindo algo ou reduzir o quanto de comida ingerir.

 

musculaçãoEsse comportamento alimentar é mais sensivelmente estimulado por ser tanto modulado pela atividade em si, quanto pela melhora da composição corporal promovida pela musculação. Isso acontece, pois o aumento da massa muscular magra promove maior liberação de agentes anti-inflamatórios musculares (chamados de miocinas) como a interleucina-6, cuja ação também se expressa na melhora dessas vias. Paralelamente, a redução do tecido adiposo ou melhora da eficiência metabólica desse mesmo tecido pode levar tanto à redução da liberação de agentes pró-inflamatórios adipocitários (como TNF alfa e leptina) quanto aumentar a liberação de adipocinas anti-inflamatórias (como a adiponectina). O aumento da eficiência da sinalização desses agentes que é promovido pela melhora da composição corporal, melhora ainda mais o controle alimentar e consequentemente repercute  de forma positiva na melhora do metabolismo como um todo.

 

A melhora da composição corporal, através do aumento do percentual de massa magra geralmente é precedido pela redução do tecido adiposo, ou seja, quanto mais massa muscular, menor é a tendência ao acúmulo de gordura corporal, tanto visceral quanto subcutânea. Portanto, através somente da modificação da composição corporal, as pessoas que fazem musculação frequentemente, além de melhorar em todos os aspectos funcionais já citados, também irão emagrecer.

 

 

O que podemos concluir?

 

Além de promover o aumento da massa muscular, o exercício físico resistido é capaz de melhorar a força muscular, proteção muscular das articulações, flexibilidade, postura e agilidade. Isso é muito importante para o aumento da capacidade funcional de um indivíduo, ou seja, melhora de capacidades físicas inerentes  à qualidade de vida como: força, velocidade, agilidade, resistência muscular, redução do cansaço e disposição.

 

pequena-musculacao-blog-santiago-4Todavia, para se obter os benefícios da musculação é necessário que o treinamento seja personalizado e prescrito respeitando a individualidade biológica e limitações inerentes a cada praticante, de modo a incrementalmente ser capaz de promover quebra do platô de adaptação, visto que ganhar massa muscular vai contra a natureza humana voltada ao estoque de energia (lembre-se que nossos ancestrais que moravam em cavernas e dividiam o espaço com predadores, necessitavam de um sistema energético de reserva adiposa muito eficiente, para suprir os longos períodos de privação energética, temperaturas gélidas, escassez de comida e luta/fuga de predadores).

 

Portanto, é necessário que a prescrição de exercícios resistidos seja realizada por profissionais habilitados e instruídos, sendo muito importante a especialização. No IESPE, por exemplo, oferecemos a Pós-graduação em Ciência do  Exercício Aplicada ao Fitness da FacRedentor, que apresenta conhecimentos importantes nessa área. Adquirindo conteúdo e prática, será possível permitir, continuamente, a obtenção  dos benefícios citados no texto, com manutenção dos ganhos e capacidade funcional que proporcione segurança e valências físicas capazes de sustentar e potencializar a obtenção incremental e crônica das adaptações osteomioarticulares e neuromusculares.

 

 

 

 

 

 

 

Referências

 

Barry A. Spiering, William J. Kraemer, Jeffrey M. Anderson, Lawrence E. Armstrong, Bradley C. Nindl, Jeff S. Volek and Carl M. Maresh. Manipulation of Resistance Exercise Programme Variables Determines the Responses of Cellular and Molecular Signalling Pathways. Sports Med 2008; 38 (7): 527-540.

 

Strasser, M. Arvandi and U. Siebert. Resistance training, visceral obesity and inflammatory response: a review of the evidence. obesity reviews (2012) 13, 578–591

 

Jakob Kristensen, Andy Franklyn-Miller. Resistance training in musculoskeletal rehabilitation:a systematic review. Br J Sports Med. 2012 Aug;46(10):719-26.

 

Jianping Ye. Mechanisms of insulin resistance in obesity. Front Med. 2013 March ; 7(1): 14–24

 

 

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Santiago Paes

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