A importância do enfermeiro no atendimento humanizado na urgência e emergência

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Conheça os desafios e as contribuições dessa prática na Enfermagem

*Este trabalho científico sobre o atendimento humanizado na urgência e emergência foi apresentado ao programa de pós-graduação de Enfermagem em Urgência e Emergência do IESPE, como parte dos requisitos para a obtenção do diploma de especialista.

Resumo

A humanização vem sendo vista, ao longo dos anos, com uma grande relevância, trazendo questões importantes para o retorno dos valores éticos e morais que devem existir em toda assistência prestada pelos enfermeiros, pois são eles que lidam diretamente com o paciente (RIOS,2008,p.253). O objetivo geral deste artigo é apontar a importância do enfermeiro no atendimento humanizado na urgência e emergência. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de caráter bibliográfico, em que foi realizada uma busca nas bases de dados eletrônicas: Scielo, Lilacs, Medline e livro texto. Foram utilizados os seguintes descritores: urgência e emergência, cuidados de enfermagem e humanização. Contudo, um grande número das publicações encontradas não eram viáveis para esta revisão. Com a combinação dos descritores, foram escolhidas 19 publicações consideradas pertinentes para a revisão.

Existe um acúmulo de trabalho, pois além de cumprir normas e rotinas setoriais, o enfermeiro tem que lidar com a necessidade de cada paciente. Há uma necessidade de pensar na humanização desses profissionais, valorizando seu trabalho, dando condições dignas para que possam desempenhá-lo de forma adequada, fazendo com que se sintam motivados, valorizados, baseando-se na ética e moral para que se possa pensar em humanizar a emergência. Para tal, é necessária a promoção e o desenvolvimento de estratégias para que haja conscientização de todos envolvidos, promovendo capacitação dos profissionais, e seus gestores, baseada em estudos contínuos, desde a sua formação profissional até a atuação na emergência.
Palavras chave: Enfermeiro, Urgência e emergência e humanização

Introdução

A humanização ao longo dos anos vem sendo vista com uma grande relevância, trazendo questões importantes para o retorno dos valores éticos e morais, que deve existir em toda assistência prestada pelos enfermeiros, pois são eles que lidam diretamente com o paciente (RIOS,2008,p.253).

Para esses profissionais, são de grande importância e indispensáveis, o local e o ambiente de trabalho, a fim de harmonizar a assistência prestada e possibilitar que o paciente sinta esse processo, havendo um entendimento entre ambos (RIOS,2008,p.253). 

Pode-se afirmar sem nenhuma dúvida que as condições de trabalho e o quantitativo de funcionários são fundamentais para que haja um atendimento digno e desempenho da assistência adequada, garantindo um serviço de qualidade (RIOS,2008,p.253). 

O sistema de saúde torna-se eficaz mediante a qualidade da interação e o relacionamento entre essas duas vertentes, fazendo com que enfermeiros e pacientes tenham sucesso no relacionamento, o que garante um saldo positivo no que tange a qualidade da assistência prestada (SILVA,2007,p.09).

A importância do enfermeiro no atendimento humanizado na urgência e emergência
Atualmente, enfermeiros precisam contornar as difíceis condições de trabalho para prestar atendimento humanizado na urgência e emergência.

O tema abordado motivou a implantação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, que vem tendo uma visibilidade tão grande que secretarias Estaduais e Municipais de Saúde estão juntando forças para que seja uma realidade em todo ambiente hospitalar, inclusive a emergência (SILVA,2007,p.07).

Emergência é um setor onde raramente o paciente permanece por muito tempo, mas é lá o local onde ele está em seu estado mais vulnerável, muitas vezes com dor, sofrendo, necessitando de um olhar diferenciado do profissional. Porém, devido à demanda de trabalho, e à natureza do setor, muitas vezes os enfermeiros agem de forma mecânica, mecanizando a assistência e esquecendo o agir humanizado, o zelo e a empatia (SILVA,2007,p.10).

É importante mostrar muito mais que valores éticos e institucionais; deve-se mostrar que a humanização representa promoção da saúde. A empatia, o olhar no olho, o carinho, o empenho para aliviar a dor, são fundamentais para que o paciente tenha uma assistência de qualidade (SILVA,2007,p.10). 

O enfermeiro por si só já tem a humanização em sua vida, pelo fato de cuidar e atender a necessidade de alguém. Muitas vezes, o profissional é pai, filho e amigo, mas com as condições de trabalho sem qualidade e equipe sem o quantitativo correto,  é difícil atender as necessidades do paciente. Apesar disso, profissionais precisam voltar a agir conforme sua essência, que é a arte do cuidar (MACIAK,2008,p.16).

Justificativa

Os grandes problemas da maioria das emergências são os leitos ocupados, os pacientes acamados nos corredores, o tempo de espera para atendimento acima de uma hora e a tensão da equipe para realizar todo o trabalho com qualidade, o que piora muitas vezes a assistência prestada.

Os enfermeiros lidam com todos esses problemas, inclusive a falta de materiais, equipamentos e medicamentos, que dificultam a atenção ao paciente e principalmente a humanização. Desse modo, torna-se importantíssima a abordagem desse tema, tendo como objeto de estudo a humanização em setores de urgência e emergência. 

Objetivo

Apontar, segundo literaturas, a importância do enfermeiro no atendimento humanizado na urgência e emergência.

Atuação do enfermeiro na urgência e emergência nos dias atuais

Na emergência, o enfermeiro atua conforme a demanda do serviço que lhe é oferecido, tendo como seu aliado um serviço tecnológico que o ajuda na eficácia e rapidez do atendimento emergencial. Porém, como o enfermeiro também atua no gerenciamento dos setores, isso acaba o afastando da sua verdadeira finalidade, que é dar apoio humanizado e garantir o cuidado de qualidade, trabalho que ajuda no processo de recuperação da saúde (MACIAK,2008,p.16).

As atividades no setor muitas vezes são desenvolvidas de forma desorganizada, o que dificulta o entendimento das reais necessidades do paciente, integradas na urgência que ele necessita. (MACIAK,2008,p.16)

Por causa disso, o ministério da saúde criou um plano de classificação de risco, que ajudou a amenizar os problemas citados e tornar o atendimento na emergência mais eficiente. (ALMEIDA,2003,p.34)

Com a implantação do protocolo na emergência em 2001, o atendimento ficou definido segundo sua necessidade específica: vermelho tem prioridade 0 e requer atendimento imediato; amarelo tem prioridade 1 e urgência no atendimento, que deve ser realizado o mais rápido possível; verde tem prioridade 2 e não é urgente. Já o azul é prioridade 3, ou seja, consulta de baixa complexidade e atendimento por hora de chegada (BRASIL, 2009). (ALMEIDA,2003,p.34)

Dessa forma, houve a intenção de organizar os serviços de emergência seguindo a classificação de risco, para uma tentativa de melhoria da assistência ao paciente da emergência e do trabalho do enfermeiro e da equipe de saúde. O processo de humanização encontrará um ambiente organizado e favorável ao seu desenvolvimento. (ALMEIDA,2003,p.34)

Esse assunto é de suma importância, pois irá colaborar com os profissionais e estudantes da área de enfermagem no processo de humanização da assistência em emergência, descrevendo os fatores que interferem na atuação humanizada na unidade de emergência e identificando estratégias para assistir o cliente na emergência de forma humanizada (BRASIL, 2011,p.56).

Sendo assim, cabe ao profissional de enfermagem conhecer as minúcias do conceito de emergência, para entender de que forma pode-se aplicar o processo de humanização no referido setor (BACKES,2006, p. 130).

A importância do enfermeiro no atendimento humanizado na urgência e emergência
O atendimento humanizado é imprescindível no processo de recuperação do paciente.

Processo de humanização

De acordo com a história, a Enfermagem é a arte do cuidar, por vários processos e descobertas que inspiraram o cuidado dos doentes e debilitados. Florence Nightingale se tornou a principal imagem da enfermagem, pois demonstrou ao mundo a importância do cuidado de alguém que está debilitado e, ainda mais, enfatizava que além do conhecimento sobre a doença, o enfermeiro deve ter um sentimento de empatia e amor fraterno por aquele que necessita de cuidados. Dessa forma a profissão evoluiu até se tornar ciência (BACKES,2006, p. 130).

A humanização não passou despercebida nesse processo, pois a preocupação com o bem-estar do paciente era o objetivo principal dos profissionais que prestavam a assistência aos doentes (BACKES,2006, p. 134).

Em todos os artigos sobre o assunto, percebe-se a necessidade de priorizar uma discussão sobre a humanização, e, infelizmente, nos dias atuais, existe um descaso com os valores humanos, éticos e sociais. Com certeza quando essas mudanças forem aplicadas de forma certa, a assistência será feita com resultados eficazes na assistência em saúde (BRASIL,2001,p.60).

O ato de humanizar não se resume ao cuidado do enfermeiro em tratar bem o paciente, prestando atenção na sua assistência. Ele é um processo gradativo que vai se aperfeiçoando à medida que essa relação vai acontecendo e  os laços vão se estreitando. Assim, o profissional passa a considerar as circunstâncias que o paciente vivencia no momento de internação, como os temores, a ansiedade e a preocupação com o seu futuro, dando-lhe o máximo de conforto e garantindo a qualidade e a promoção da saúde desse indivíduo (GALLO,2009,p.34).

O papel do enfermeiro no atendimento humanizado na urgência e emergência

O enfermeiro em uma unidade de emergência deve ter um olhar aprimorado às necessidades imediatas do paciente. Para isso, precisa se preparar com cursos e treinamentos que o habilitem para agir de forma emergencial. De certa forma, toda essa preparação pode interferir na humanização que tanto é abordada neste trabalho. (GALLO,2009,p.34).

Essa urgência do conhecimento técnico muitas vezes acontece sem a prática humanizada, por vários motivos. Entre eles, está a alta rotatividade de pacientes, as condições de trabalho e a desvalorização que desmotiva o profissional (GALLO,2009,p.34).

O ministério da saúde orienta que sejam feitas mudanças que favorecem a implantação de medidas do processo de humanização e aos poucos está pontuando a importância que existe no profissional e não nas máquinas e processos tecnológicos, principalmente na emergência, que é a porta de entrada de um hospital (MACIAK, 2008).

No Brasil, a saúde passou por muitas evoluções tecnológicas e científicas. A ciência trouxe consigo a agilidade nas rotinas de trabalho, a economia de tempo e muitos outros benefícios aplicados ao homem, mas nenhum deles substitui a pessoa que cuida, ou seja, o enfermeiro (MACIAK, 2008).

Devem-se disponibilizar ações, campanhas, programas e políticas assistenciais a partir da dignidade ética da palavra, do respeito, do reconhecimento mútuo, da solidariedade e da equidade. Para que a relação paciente x enfermeiro não tenha uma barreira pela falta de empatia e compreensão das partes, promovendo assim, uma melhor assistência com maior facilidade, qualidade, humanização e amor (MACIAK, 2008,p.23).

Método

Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, que é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática, analisando as pesquisas relevantes, que dão a base para a tomada de decisão e a evolução da prática assistencial. Assim, possibilita a síntese do conhecimento de um assunto específico, além de revelar a falta de informações, que necessitam ser concluídas com a realização de novos trabalhos científicos (MENDES et al., 2008).

A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas: Scielo, Lilacs, Medline e livro texto, no período de maio a setembro de 2019. Utilizaram-se os seguintes descritores: urgência e emergência, cuidados de enfermagem e humanização Contudo, foi obtido um grande número de publicações não viáveis para esta revisão. Foram 35 artigos pesquisados e estudados, porém, escolhidas apenas 19 publicações  julgadas pertinentes para a revisão.

Os critérios de exclusão foram: artigos em duplicidade, tarifados, na língua inglesa e que  não englobavam o objetivo do estudo, tendo sido escolhidos 3 artigos como proposta de análise para essa revisão integrativa.

Resultados

Baseado nos autores desta pesquisa, o enfermeiro é fundamental para que haja uma humanização no atendimento na urgência e emergência, agindo com profissionalismo, mas acolhendo o paciente em seu momento mais delicado. Um fator não exclui o outro, porém deve haver uma educação em saúde para que tal mudança aconteça.

A humanização da assistência de enfermagem na emergência não acontecerá de uma hora para a outra. É necessário conhecer os fatores que potencialmente interferem na implantação desse processo e na prestação do cuidado ao paciente. Uma vez identificados quais são esses fatores, é preciso haver um planejamento para a implantação das medidas de humanização adotadas. 

Essa mudança contribuirá, através da educação em saúde e da conscientização da população, na implementação do processo de humanização nos locais de saúde, mediante a participação mútua de todos os envolvidos nesse processo. 

Elaborar estratégias para a assistência humanizada e buscar estratégias para humanizar a assistência de enfermagem na emergência não é uma tarefa fácil. Por essa razão, o Ministério da Saúde estabeleceu uma diretriz, que traz parâmetros adequados para que os profissionais de saúde se conduzam de maneira eficiente na aplicabilidade de ações que favoreçam a promoção da humanização nesse setor. 

Nota-se que a relação entre paciente e profissional de saúde ocorre muitas vezes limitada pela barreira da falta de empatia, pois onde não há diálogo talvez não haja mútua compreensão das partes. Porém, quando se estabelece um compromisso com a pessoa que sofre e está com o profissional de saúde, através do diálogo e do interesse em prestar uma melhor assistência, fica fácil trabalhar a humanização nesse ambiente, trazendo como resultado uma recuperação eficaz do paciente. 

O processo de humanização na emergência se enquadra como um desafio para a assistência de enfermagem, que atua diretamente com o paciente (BRASIL, 2011,p.56).

Referências bibliográficas

  • ALMEIDA, Ayala Fernandes de. Humanização em UTI pediátrica com enfoque à criança em fase pré-escolar: uma visão fisioterápica. Salvador, 2003. 48f. Trabalho monográfico. (Pós Graduação em Fisioterapia Respiratória em UTI) – Centro Universitário da Bahia, Salvador. 
  • ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM. As práticas de saúde ao longo da história e o desenvolvimento das práticas de enfermagem. Pernambuco: ABEN, 2000. Disponível em: . Acesso em: 24 agosto 2019, 03:10:30. 
  • BACKES, Dirce Stein; LUNARDI, Valéria Lerch; LUNARDI, Wilson D. Filho. A humanização hospitalar como expressão da ética. São Paulo: Revista Latino-americano Enfermagem, 2006 janeiro-fevereiro; 14(1): 132-5.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Assistência a Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 60 pag. BRASIL. 
  • Ministério da Saúde. Secretária de Assistência a Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 56 p. 
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Conceito de Emergência. Net, 1995. Disponível em: . Acesso em: 14 de setembro de 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 
  • DESLANDES, Suely Ferreira. Frágeis deuses: profissionais da emergência entre os danos da violência e a recriação da vida. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. 196 p. 
  • GALLO, Adriana Martins; MELLO, Hellen Caroline de. Atendimento humanizado em unidades de urgência e emergência. 2009, 11f. Artigo. (Trabalho de Conclusão de Curso). Universidade Norte do Paraná – Unopar. 
  • HENRIQUES, Amanda Haissa Barros; BARROS, Raquel Farias de. Cuidado ao cuidador na busca de um cuidado humanizado em saúde: um resgate bibliográfico. Paraíba: Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande, 2011. 
  • MACIAK, Inês. Humanização da Assistência de Enfermagem em uma Unidade de Emergência: percepção da equipe de enfermagem e do usuário. 2008, 144f. Artigo. (Dissertação apresentada ao curso de mestrado em saúde e gestão do trabalho). Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina. Pag. 15-16. 
  • MELLO, Inaiá Monteiro. Humanização da Assistência Hospitalar no Brasil: conhecimentos básicos para estudantes e profissionais. Net, 2008. Disponível em: <http://www.hcnet.usp.br/humaniza/pdf/livro/livro_dra_inaia_Humanizacao_nos_Hospitais_do_Brasil.pdf>. Acesso em: 10 de setembro de 2019. 
  • MACIAK, Inês. Humanização da Assistência de Enfermagem em uma Unidade de Emergência: percepção da equipe de enfermagem e do usuário. Santa Catarina: Universidade do Vale do Itajaí, 2008. pág.16.
  • RIOS, Isabel Cristina. Humanização: a essência da ação técnica e ética nas práticas de saúde. São Paulo: Revista Brasileira de Atenção Médica – USP, 2008. pág. 253 a 261.
  • SILVA, Averanice Gomes da; SOUZA, Tania Toledo R. de. Assistência de Enfermagem Humanizada: dificuldades encontradas por enfermeiros em hospital privado de São Paulo. São Paulo: Uninove, 2007. 10 pág.
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Amanda Possas

Autora

Enfermeira especialista em Urgência e Emergência pelo IESPE.

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Gustavo Duarte

Orientador

Professor da pós-graduação em Urgência e Emergência no IESPE.

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Amanda Dias

Orientadora

Coordenadora da Pós-graduação em Urgência e Emergência no IESPE.

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Marcos Schlinz

Orientador

Supervisor de ensino das pós-graduações e extensões de Enfermagem no IESPE.

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