Aplique estas dicas para garantir a saúde do paciente nessa importante fase do atendimento
Como deve ser a admissão do paciente na UTI? Para te ajudar a ficar preparado, reuni dicas baseadas nos meus mais de 12 anos de experiência como enfermeiro da UTI e nas mais recentes diretrizes que também são ensinadas na pós-graduação de Enfermagem em Cuidados Intensivos. Essas sugestões servem para nortear as ações principais e prioritárias no seu check-list de enfermeiro. Por que aprender? Como vou explicar abaixo, esse é um dos momentos mais importantes e definidores da vida do paciente.
A importância de uma correta admissão do paciente na UTI
Na UTI, muitas vezes recebemos pacientes em quadro hemodinâmico muito deteriorado, precisando de intervenções imediatas. Nesses casos não podemos, inclusive, retirar o paciente da maca de transporte para a cama. Algumas intervenções acabam sendo realizadas pela equipe na própria maca de transporte, a fim de manter a viabilidade hemodinâmica do paciente gravemente enfermo.
Alguns desses pacientes estão aparentemente bem, mas podem ser comparados com uma “bomba-relógio”. Esse quadro imprevisível pode ocorrer por comorbidades pré-existentes importantes, pela agudização delas ou até pela ausência de resultados de exames que apontem, por exemplo, um IAM (Infarto Agudo do Miocárdio) importante.
Quando a equipe de enfermagem não trabalha com base em prioridades nos cuidados críticos, graves acometimentos ou evoluções favorecem os eventos indesejáveis. Na Terapia Intensiva não lidamos com surpresas ou o inesperado, pois é um ambiente controlado. Dotado de aparato tecnológico e qualificação dos recursos humanos, a UTI é totalmente voltada para os cuidados críticos e é um lugar onde a monitorização e a estabilização hemodinâmica são a meta principal. Isso jamais pode ser negligenciado no momento da admissão do paciente.
Esse primeiro momento do paciente na UTI é crucial e definidor, inclusive, do prognóstico. Daí a importância do enfermeiro responsável ser o definidor da habilitação do leito para a admissão do paciente, pois toda a logística e os recursos humanos devem estar preparados para a admissão do paciente. Reafirmo: ela é muitas vezes o momento mais importante da vida desse paciente e de seus familiares.
A troca da roupa de cama, vestes do paciente e a SAE não podem jamais ser prioritárias à devida monitorização hemodinâmica do paciente, à notificação imediata da equipe, bem como às intervenções cabíveis e possíveis. O tempo é essencial porque pode significar a preservação neurológica, cardiológica ou até da vida do paciente.
Passo a passo para a admissão do paciente na UTI
Abaixo está um passo a passo que eu preparei para que você possa estar pronto e seguro na hora da admissão. E é fácil de decorar! Para facilitar a memorização de uma maneira divertida, as iniciais formam “Marcos”, que é o meu nome 😉.
1º- Monitorização
Assim que o paciente (quer seja grave ou não) for admitido na UTI, ele precisa ser monitorado prontamente, como prioridade máxima. Quando realizamos a monitorização não invasiva no ato admissional, temos imediatamente os dados vitais que nos informam a condição geral do paciente. Esses dados podem indicar a necessidade de intervenções imediatas para a manutenção ou preservação da vida do paciente. Um exemplo é a administração de alguma medicação vasopressora de urgência que favoreça os batimentos cardíacos ou promova melhora da pressão arterial, evitando-se uma parada cardiorrespiratória. Outro é a obtenção de uma via aérea avançada urgente, para garantir a ventilação/oxigenação de um paciente. A monitorização lhe fornece dados vitais e essenciais na manutenção do equilíbrio hemodinâmico do paciente, evitando-se maiores agravos ou até mesmo o óbito que seria evitável.
2º – Acesso Venoso Seguro
A grande maioria dos pacientes sob cuidados críticos ficam sob infusões contínuas e/ou intermitentes. Algumas dessas medicações são responsáveis por manter a regularidade e/ou a efetividade dos batimentos cardíacos, a manutenção da pressão arterial e a proteção neurológica e cardiovascular. O fato do paciente não ter um acesso venoso patente pode comprometer a sua vida, além de complicar o prognóstico ou as sequelas de um quadro grave em potencial.
3º – Respiração / Ventilação
É importantíssimo que o padrão respiratório/ventilatório do paciente também seja priorizado, pois o aporte de oxigênio não invasivo ou invasivo, o posicionamento no leito e outras intervenções podem ser imprescindíveis. Elas devem ser implementadas prontamente para evitar, por exemplo, uma fadiga respiratória que pode culminar em hipercapnia, hipóxia severa e/ou parada respiratória.
4º – Comunicação Imediata
Comunicar prontamente toda e qualquer alteração dos dados vitais colhidos nos itens anteriores, para que tenhamos otimização máxima do tempo da disfunção à intervenção, tornando efetivas as ações admissionais dos pacientes na UTI. Assim que alguma anormalidade for averiguada, deverá ser resolvida ou então promovida a estabilização o mais prontamente possível. O tempo pode representar “cérebro”, “músculo cardíaco” ou a perda da oportunidade de evitar o agravo ou óbito do paciente. Um dos maiores motivos e metas da UTI é a estabilização hemodinâmica, que está diretamente relacionada com a comunicação efetiva, em alça e em circuito fechado.
5º – Organização da Unidade do Paciente
Organização do leito/box no qual o paciente foi instalado e das devidas identificações do paciente (com leito e riscos em potencial), de forma que o ambiente no qual o paciente ficará internado esteja personalizado de fato. Além de ser imprescindível para a promoção da segurança e qualidade da assistência, ainda promove e favorece a humanização do atendimento. Assim, o paciente não é um número de leito e sim uma pessoa com identidade e nome. Também devem ser sinalizados no leito alguns riscos que o paciente apresenta, auxiliando diretamente a equipe multidisciplinar na manutenção e promoção do cuidado intensivo seguro e de qualidade.
6º – Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)
Depois que a estabilização inicial vital do paciente está garantida, aí sim devemos proceder com a realização da SAE, contemplando: a coleta de dados, de enfermagem ou do histórico de enfermagem; diagnóstico de enfermagem; planejamento de enfermagem; implementação das ações propostas; avaliação de enfermagem/evolução. Assim garantimos que os cuidados críticos de enfermagem sejam também seguros, de qualidade e sistematizados.
Espero que esses passos te ajudem na admissão do paciente na UTI! Tem experiência na área e sabe de outra etapa importante nesse atendimento? Compartilhe comigo nos comentários 😊.
1 comentário em “6 passos para a correta admissão do paciente na UTI”
Excelente matéria. Parabéns Marcos.