Coloque estas dicas em prática e evite o esgotamento profissional
São diversos os aspectos físicos e emocionais que afetam o educador e o seu desempenho em sala de aula. Neste texto vamos abordar a saúde do professor e dar dicas para você a partir da nossa experiência como profissionais e professores da Educação e Fisioterapia. Você também pode assistir na íntegra a nossa conversa sobre o tema no Live do IESPE.
Confira o Live:
Fases neurobiológicas
Para podermos falar de saúde do professor, temos que fazer memória dos diversos aspectos de desenvolvimento da neurobiologia, que podemos dividir em três fases:
Filogênicos: são nossas heranças genéticas, que trazemos lá dos nossos mais tenros ancestrais, desde a época dos homens das cavernas. É importante sabermos disso porque vai influenciar diretamente na nossa conduta em relação à alimentação e descanso. Quando fugimos demais dessa rotina, alcançamos níveis de estresse superiores à nossa capacidade de recuperação, levando a algumas síndromes metabólicas.
Ontogênicos: estão relacionados à nossa conduta diária, fazendo memória sempre a um evento passado. Exemplo: em um dia que você está em sala de aula e passa por um problema de estresse agudo, o seu corpo entende, em movimento anterior, que viveu aspecto de semelhança daquele fato e apresenta um grau de resposta pronta.
Retrogênicos: aspecto fundamental para professores, pois é a capacidade neurobiológica que o corpo tem de se reinventar à medida que envelhece. Estamos a cada dia nos aproximando do nosso ápice retrogênico, ou seja, temos um limiar de finitude e quando nos aproximamos dessa finitude, o aspecto retrogênico comanda grande parte das nossas relações emocionais.
Isto posto, algumas questões são estruturais. Dentre elas, destaco as relacionadas ao tônus e à postura, que afetam diretamente a saúde do professor na sala de aula.
Burnout e a saúde do professor
O professor está em um grupo que é muito suscetível a apresentar o famoso “burnout”. Estudos hoje mostram que 30% dos profissionais brasileiros apresentam a síndrome. Naturalmente, esse esgotamento profissional coloca o educador mais propenso a alguns sintomas físicos na rotina de trabalho.
Do ponto de vista físico, ele vai apresentar dores musculares, articulares e tensões musculares localizadas em regiões como ombro, cervical e costas. Essas condições podem retroalimentar negativamente, desenvolvendo um quadro em que a dor gera mais espasmos, que gera então mais dor e interfere no sono, fazendo ele acordar cansado. Com esse cansaço não reparado, o professor já entra em uma rotina totalmente abaixo daquela em que está acostumado a viver.
Também é muito comum a chamada “cefaleia clínica tensional”, ou seja, dores de cabeça e quadros semelhantes a esse relacionados a tensões musculares. Se o professor já está em estado de esgotamento profissional e une a isso uma postura ruim, hábitos ruins, sedentarismo, alimentação pouco equilibrada e sono não reparador, vai alimentar esses sintomas e sinais clínicos que citamos, incluindo baixa produtividade, concentração e retrabalho.
Lembrando que o burnout ou esgotamento profissional passa por três importantes sintomas:
1- Exaustão: caracterizado pelo cansaço físico e emocional, essa fase de falta de energia que já comentamos é a mais percebida. Devemos reforçar que se você está se sentindo sempre cansado ao final do dia, sem energia e vontade de trabalhar, é bom procurar um psicólogo e/ou psiquiatra porque pode ser um sintoma isolado ou pode ser um agravamento de uma crise de estresse severa.
2- Despersonalização: o professor passa muito por isso até pelo ambiente de trabalho dele, já que está o tempo todo com outras pessoas, alunos, direção e pais de alunos. Ele já começa a apresentar nesse período alteração de comportamento, ceticismo, ironia e frieza.
3- Insatisfação profissional: nessa fase os sintomas clínicos e físicos vão se somar, levando a uma produtividade muito baixa. Naturalmente, ele vai colocar o trabalho dele e a escola em risco por conta da atitude e falta de qualidade.
10 atitudes que o você pode tomar
Existem algumas condutas que ajudam o professor a se preparar e conduzir de maneira mais saudável a longa jornada de trabalho típica da profissão. Ao entrar em um turno de trabalho, por exemplo, é importante já preparar o seu corpo para aquela condição. Confira as dicas:
1- Faça alongamentos: são muito importantes principalmente se você vai encarar, por exemplo, duas, três, quatro horas de aula, já pode fazer alguns alongamentos.
2- Regule sua cadeira: se você vai trabalhar sentado(a), procure utilizar uma cadeira com ajustes e regulagens (braços, encosto e altura da cadeira).
3- Escolha a mesa certa: confira se aquela mesa onde vai corrigir as provas e elaborar materiais por horas está adequada a sua altura e biotipo.
4- Mantenha a boa postura: evite ao máximo aqueles trabalhos no sofá ou deitado(a) na cama. No momento de lazer não há muito problema, mas quando se transporta a carga horária para casa, é preciso se preocupar como se estivesse na da sala de aula.
5- Alterne a posição: fique sentado e também em pé, caminhando mais durante o tempo de aula.
6- Se preocupe com a alimentação: se você fizer uma refeição muito pesada e depois ficar sentado na sala de aula, isso vai atrapalhar a digestão.
Tendo esses cuidados e conhecendo o seu corpo, você já vai reduzir bastante o índice de dores musculares e outros sintomas físicos.
7- Faça atividade física:
A atividade física é fundamental não só por questões físicas, mas também psicológicas e emocionais, de cunho mais neurológico. Ela aumenta a concentração, melhora a qualidade do sono e o metabolismo. A atividade física tem um papel fundamental na regulamentação hormonal.
Mas então qual é o exercício físico ideal para você, professor? A resposta é simples: aquele que é mais prazeroso e que encaixa no seu horário. Não adianta querer fazer algo que só vai conseguir praticar de 15 em 15 dias, porque não vai trazer benefícios sistematicamente. É preferível fazer uma sequência na semana do que se exercitar uma vez só e com muita intensidade, ficando fadigado.
8- Melhore a qualidade do seu sono:
Se você tem sono muito interrompido, com sonhos a noite toda e acorda com a boca seca e com pigarro, é indicado pedir avaliação do otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo. Se há um quadro de dor, deve também procurar um profissional, como um médico e/ou fisioterapeuta, para tratar dessa condição clínica.
Dormir com dor é naturalmente uma condição de baixa qualidade de sono, então o professor deve encontrar uma postura correta e confortável para ele. O colchão pode ser o que você quiser, desde que a postura seja correta. O importante é acordar de manhã e notar que não há pontos dolorosos e de tensão.
Temos que nos preocupar também com o momento anterior ao sono. Várias pessoas ficam no computador por horas, assistem televisão e/ou fazem uma refeição pesada e vão dormir logo depois.
Seguem algumas dicas para ter um sono de maior qualidade:
- Faça uma refeição leve de noite
- Tome um banho quente
- Evite a luminosidade forte de computador, celular e demais dispositivos eletrônicos antes de dormir
9- Cuide da sua voz:
O professor usa a voz como seu instrumento maior. Por isso, a hidratação das pregas vocais, o aquecimento vocal, exercícios reparatórios e consulta ao fonoaudiólogo são cuidados importantíssimos. Se você já estiver sentido sinais de fraqueza ou perda de voz, deve procurar um profissional.
10- Procure ajuda profissional contra a dor de cabeça:
A cefaleia ou dor de cabeça frequente, de duas a três vezes por mês, é outra queixa comum dos professores. Ela segue um padrão: normalmente surge ao final do dia e início da noite, com uma dor que tende a ser tensional e que se torna constante. É necessário fazer uma avaliação profissional para verificar se está conectado a algum quadro neurológico, uma enxaqueca ou é uma tensão que pode ser tratada mais facilmente.
Conclusão
Esperamos que você tenha gostado das dicas e que passe a implementá-las no seu dia a dia, melhorando sua qualidade de vida e desempenho. O maior conselho que deixamos é: cuide da sua saúde para poder aproveitar melhor esse ótimo trabalho que temos, o ofício importantíssimo que é ser professor.
Autores:
5 comentários em “A saúde do professor na sala de aula: como combater o burnout?”
Excelentes dicas! Mas há algum tempo já sogro esse sintomas que só pioram. Vou procurar praticar essays dicas!
Que bom que gostou das dicas, Vicentina! Melhoras para você. E lembre-se de procurar ajuda profissional sempre que necessário 😉
Excelente artigo!!! Cada contato com o IESPE, seja nos encontros e oficinas ou no blog são certeza de crescimento.
Obrigado, Rodrigo! O mérito é dos nossos excelentes professores. Estamos à disposição 🙂
Amei… Sinto tudo isso, mas graças a Deus estou me aposentando.
Espero que um dia o professor seja mais respeitado e valorizado por todos.